Estamos começando
a quadragésima terceira edição da coluna Otoko Repórter, um espaço
informativo e opinativo no B de Bara. Desta vez vamos refletir sobre uma pergunta: Será que o mangá bara promove a masculinidade tóxica?
O que seria a masculinidade
tóxica?
A primeira coisa que
precisamos manter em destaque ao falar de masculinidade tóxica é que ela está estritamente envolvida com uma estrutura de poder onde o masculino é colocado
como superior ao feminino sob uma forma de oposição.
Como o masculino é representado como aquilo
que é forte, viril e seguro, o feminino seria, por consequência, frágil,
débil e incerto. Este antagonismo desleal têm como única função manter a
estrutura de poder patriarcal, o que é muito conveniente para certas organizações
que simplesmente não admitem que uma mulher pode ser forte, viril e segura sem
deixar de ser feminina.
A forma como a masculinidade tóxica permeia o meio gay é bem explicita em Modo: O Poderoso
E como toda a estrutura de
poder, o patriarcado também precisa de uma cultura que o sustente e podemos
garantir que os produtos midiáticos tem cumprido muito bem esta função,
principalmente naquelas obras em que a mulher só pode ter duas funções: a de
objeto de desejo ou o alívio comico, dificilmente sendo protagonistas.
Porém, hoje as animações,
quadrinhos, literatura, videogames, filmes e séries têm mudado bastante neste
quesito. No entanto, estamos comparando mais de um século de produção de cultura de
massa com menos de uma década. Este é um sinal de que ainda tem muita coisa
para se fazer.
Kipo conta a história de uma garota aventureira que foi criada por um pais solteiro, uma das várias quebras de paradigmas desta excelente animação da Netflix.
Homens que dominam homens
Se observarmos os mangás
bara, veremos uma exaltação exagerada destas características masculinas
supervalorizadas, corpos imensos, agressividade e paus descomunais.
Temas que envolvem vários
tipos de dominação são comuns e muitas vezes elas ocorrem como uma forma de
emascular o personagem dominado, dando a entender que ele foi derrotado em um
tipo erótico de competição de quem é mais macho.
"Só uma brotheragem entre amigos, ninguém aqui é gay..."
Mas se fizermos um paralelo
com a realidade, podemos até nos perguntar se todas as disputas de masculinidade
(como quem torce para o melhor time, quem bebe mais, quem tem o melhor carro...)
não seriam de fato um tipo de homoafetividade velada com cargas variáveis de um
certo erotismo.
O bug do bara
Por outro lado, nos deparamos
com uma grande contradição que acontece exatamente pela falta de personagens
femininas. Os personagens com todas as características ditas masculinas são
tanto os ativos como os objetos de desejo. Não sendo raras as obras em que o
passivo é o protagonista e possui um comportamento dominante.
Quem não paga um pau para um power bottom?
O grande bug ocorre
justamente nesta quebra de paradigma, onde o personagem “mais masculino” também
pode ser objeto de desejo. E isso é tão corrosivo para a
masculinidade tóxica que se torna motivo de revolta entre os escravos do
patriarcado, assim como vimos em 2013 quando o Wolverine teve um caso não
canônico com o Hércules.
Um lugar seguro para chorar
Mas nem todas as obras bara
são exclusivamente eróticas. O próprio motivo do nascimento deste gênero foi dar
aos gays japoneses uma visão idealizada dos tipos de relacionamento que eles
ansiavam viver.
E isso só é possível porque
no Japão o consumo de um mangá é muito mais ligado a uma experiência pessoal,
quase como um diálogo entre o leitor e a obra.
A fofura dos personagem do SUV mostram relacionamentos masculinos mais afáveis (mesmo que por vezes extremamente tóxicos).
Podemos perceber isso quando percebemos que os mangás têm muito mais balões de pensamento e narrações em
primeira pessoa que outros quadrinhos. E mesmo nas histórias com mais ação há
um foco grande em closes nos olhos e no rosto dos personagens como se ele
estivesse falando suas emoções diretamente para o leitor.
Estes recursos fizeram do
mangá um quadrinho muito íntimo, onde o protagonista e o leitor dividem suas
emoções. E é nesse momento, que mesmo os leitores mais brutos têm a
oportunidade de se despirem de suas armaduras e reconhecerem as emoções do
outro tão bem quanto as próprias.
Consideração final
Assim, se refletirmos sobre a
pergunta feita no início da coluna podemos chegar à conclusão de que tudo
dependerá das obras e da relação delas com o próprio leitor. Mas uma
consciência crítica sobre o assunto é essencial para que os exemplos mais
prejudiciais fiquem apenas na ficção, sem estimular comportamentos tóxicos.
Entre Nós”, de Nauan Sousa
Adoro livros baseados em fatos, mas o Entre Nós do Nauan
Sousa ganha uma relevância ímpar no que se trata de registro histórico de um
momento em que muitos direitos e liberdades que conquistamos estão ameaçados
por um governo retrógrado. Como defendo a máxima de que a história que não é
contada será esquecida, considero esta uma leitura obrigatória.
Número de páginas: 106
páginas
Para comprar
R$3,99 (versão digital) R$ 34,99 (versão impressa)
Netflix errar
gênero de personagem trans em versão brasileira de Sabrina
Antes de vir com sete pedras na mão temos que
lembrar que a dublagem brasileira é tida como uma das melhores do mundo. Porém,
nem sempre o dublador tem autonomia para corrigir um erro de tradução e,
infelizmente, casos como este aparecem. Além disso temos que lembrar tudo que a
Netflix já fez pela comunidade LGBTQ+, inclusive uma série com um personagem
trans.
Imagino que essa foi a cara de deboche que a Laerte fez quando a aberração foi nomeada
Depois de fracassar em
passar pano para o nazista declarado e ex-secretário de cultura, Roberto Alvim,
o Bozo ensina a sucessora do mesmo os primeiros passos para ser uma homofóbica
institucional. Acredito que em poucos meses ela já aprenda tudo que precisa
para se tornar uma autentica nazista velada.
Indya Moore interpreta personagem não binária em
Steven Universe
Nova personagem não binária de Steven Universe é
dublada por Indya Moore, atriz que participa de Pose, série de Ryan
Murphy que conta a história dos movimentos LGBTQ nos anos 1980.
Quem acompanha Steven Universe sabe que esta não é a primeira personagem não binária do desenho, muito menos a primeira relação não heteronormativa.
O ator que interpreta Garth Fitzgerald IV em
Supernatural, Donald Joseph Qualls, saiu do armário no domingo
(11/01/2020) através de sua conta no twitter.
“Isso aí, eu sou gay. Sou gay desde sempre.
Estou cansado de me preocupar com o que as pessoas iriam pensar de
mim. Cansado de me preocupar com as consequências para a minha
carreira”, postou Qualls.
A
declaração pode ter vindo apenas
depois do anúncio do final da série, mas o ator já acumula uma
extensa lista de papeis em filmes e séries.
O ator Rick Cosnett, 36, o Eddie
Thawne, o Quantico de “The Flash” e também como Wes Maxfield de The “Vampire Diaries” , usou seu Instagram para
sair do armário no dia 13 de fevereiro.
Fico fascinado como as
redes sociais estão ajudando tantas pessoas a sair do armário e inspirando
outras a fazer o mesmo.
No
jogo The Witcher III é possível fazer com que o protagonista,
Geralt de Rivia, faça par romântico com a Triss Merigold ou com a
Yennefer de Vengerberg, mas não com o bardo Jaskier, que possui
interações formidáveis com o bruxo desde o primeiro jogo.
Alguns
fãs iniciaram um abaixo-assinado pedindo para que o relacionamento
homoafetivo fosse incluído em alguma futura atualização do jogo da
CDProject.
Apesar
do jogo ter quase cinco anos, logo sendo bem improvável que esta
atualização seja implantada, vale a pena o esforço.
Oh vale abundante!
“Não há nada definido.
Depende do público, e acho que os criadores [Matt e Ross Duffer] fizeram isso
de propósito”, e afirmou ainda que o “mundo invertido” pode ter atrapalhado a
amadurecimento do jovem.”
Os anos 1980 e 1990,
retratados na série foram difíceis para os LGBTQ+ (ou só GLS se formos
contextualizar na época). Logo precisa de um bom motivo para Will se revelar queer,
mas acima de tudo, espero que não seja algo forçado.
"Meu anjo, vai ter que mudar esse cabelo se quiser entrar no vale"
Até uma criança da roça entende o que é uma família, quem não entende é o Bozo e a Danada.
Sério? Não me diga...?
Deboches desmerecidos a parte parece que esta pesquisa só reforça o que o serviço de streaming já vem fazendo há anos. E não falo só de diversidade de gênero e
sexualidade. A arte realmente é a melhor afronta a opressão.
A Marvel Comics publicou a
HQ “Marvel Voices”, uma compilação de pequenas histórias que retratam diversas
vivências marginalizadas e outras questões importantes socialmente, como por
exemplo a LGBTQ+.
A iniciativa é incrível.
Mas em tempos em que aqueles que criam estas histórias ganham notoriedade acho
que seria interessante ver um projeto com desenhistas e roteiristas queer.
Já pensaram que as vezes você pode tirar algo
bom de onde você menos espera? Pois isso aconteceu comigo. Estes últimos dias meu
irmão insistiu e me convenceu a assistir Ishizoku Reviwers e resolvi dar uma
chance pela polêmica que ele está levantando.
O anime trata sobre um grupo de personagem que
vão a bordeis de raças fantásticas e avaliam a experiência que tiveram conforme
seus gostos pessoais. A animação é tudo que poderia se esperar de um anime echi
se não fossem três coisas diferentes.
A abertura não passou pela censura do youtube
A primeira é que a censura japonesa está mudando.
Apesar de muitos conservadores estarem bem incomodados com esta série ela anda
por caminhos que antes seriam exclusivos dos hentais. Só para ter uma ideia os
mamilos femininos não estão cobertos. Isso me fez lembrar de uma notícia do ano
passado que falava sobre um projeto de lei para rever este padrão.
A segunda foi a presença de um personagem
intersexo. Não é uma futanari pois o próprio personagem não se define nem como
homem nem como mulher.
Para mim não tem por onde ir, orc são meus favoritos
E a terceira é que se trata de um anime em que
os personagens tem atrações e opiniões diferentes sobre vários tipos de corpos
e padrões de beleza e isso, no meio de toda misoginia que é um anime echi, até
que é uma mensagem positiva.
Depois disso eu fiquei
pensando se o Japão não estaria tentando rever sua relação com a sexualidade.
Obrigado por lerem até aqui e aguardo todos vocês no Instagram da @otoko.reporter e em todas as redes sociais do B de Bara. Um abraço do Otoko e boas fodas.
Marduk Hunk Otoko
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