Estamos começando a trigésima nona edição
da coluna Otoko Repórter, um espaço informativo e opinativo no B de
Bara. Este mês veremos como a Revolta de Stonewall impactou a comunidade
LGBTQ+ de hoje.
A parada
LGBT de São Paulo está ocorrendo hoje,dia 23 de junho e está edição comemora os
cinquenta anos da Revolução de Stonewall. A data é um marco para as lutas dos
movimentos LGBTQ, uma comemoração pelos direitos conquistados e um alerta para
que os abusos do passado não se repitam.
Hoje
pessoas do mesmo sexo conseguem andar de mãos dadas (em alguns lugares).
Pessoas transexuais arrumam emprego com base em suas competências (em algumas
empresas) e a sociedade está bem mais liberal (de vez em quando).
UM RESUMO
DA REVOLTA
O documentário
é muito mais representativo que o filme
A Revolução
de Stonewall ocorreu no dia 28 de junho de 1969 por causa de um acontecimento no bar gay Stonewall Inn,
localizado no bairro Greenwich Village, em Nova York. Na ocasião gays,
lésbicas, transexuais, negros, brancos e latinos se rebelaram contra uma batida
policial particularmente violenta que tinha o objetivo de “limpar” a cidade.
A resposta
agressiva ganhou volume nas ruas da cidade superando as forças de segurança
pública, durando quatro dias e culminando em vários protestos que depois de um
ano deram origem a primeira Parada do Orgulho Gay do mundo.
Gay, em
1969 designava todos que não fossem cis e héteros
HOJE ESTAMOS EM UM LOOP TEMPORAL
Já
abordamos muitos aspectos do mundo entre as décadas de 1960 e 1970 em duas
colunas anteriores, uma sobre a comunidade Leather
e outra sobre Harvey
Milk. E a influência que a Segunda Guerra Mundial, a Guerra do Vietnã e a
Guerra Fria tiveram para moldar uma sociedade mais preocupada com questões
sociais.
Nesta
época, ser LGBTQ não era propriamente um crime (nos Estados Unidos), mas
tornava a pessoa um membro indesejável da sociedade, logo passível de ser
acusado de qualquer contravenção, de ser demitido ou sequer ser contratado. Estabelecimentos
podiam negar seus serviços às pessoas LGBTQ ou cometer algum abuso sem serem
punidos por isso.
Apesar de
distante no tempo este comportamento não parece ter ficado no passado quando
nos deparamos com matérias com títulos tais como: “Pizzaria
nos EUA se recusa a atender casamento gay e recebe mais de US$ 840 mil em
doações”, “Restaurante
é acusado de homofobia ao negar promoção a casal gay em SP” ou “Restaurante
recusa reservas de casais gays em Florianópolis”. Isso sem contar os
discursos de ódio proferidos em algumas igrejas que ganham vídeos em redes
sociais e uma quantidade significativa de Fake News geradas para atingir
celebridades LGBTQ.
A DOENÇA É
O PRECONCEITO
Em 1969,
quando ocorreu a Revolução de Stonewall, pessoas não heterossexuais eram
consideradas doentes, sendo comum a internação de homens e mulheres gays em
hospícios (de forma voluntária ou não) para que passassem por terapias
de aversão que consistia em um tratamento em que a pessoa levava choque ou
era induzida a náuseas enquanto tinha contato com material sexual do mesmo
sexo.
Apesar de
hoje, em 2019, a realidade ser bem diferente, vale lembrar que a
homossexualidade só deixou de ser classificada como doença pela Organização
Mundial de Saúde – OMS – em 17 de maio de 1990, a transexualidade em 18 de junho
de 2018 e a assexualidade ainda consta como uma doença.
PASSOS
LENTOS CONTRA A VIOLÊNCIA
A
comunidade LGBTQ na década de 1960 era extremamente marginalizada e vítima das
mais variadas formas de abuso e violência sem que tal questão fizesse parte das
preocupações das autoridades, que muitas vezes também praticavam estes abusos.
Hoje, ser LGBTQ
ainda é crime em 73 países, dentre os quais 13 deles preveem pena de morte. Dos países em que ser LGBTQ não é crime, não são todos em que
direitos como o casamento igualitário e proteções contra LGBTfobia são
garantidos. E nestas estatísticas ainda temos os países omissos, mas se
comportam de forma extremamente homofóbica, como a Rússia (alguém lembra da
Copa?).
Apesar do Brasil estar avançado quanto a estas questões, vale lembrar que ainda é o país que mais mata pessoas transexuais no mundo. E que apesar de ter uma recente lei contra a LGBTfobia, ela só foi aprovada porque o Supremo Tribunal Federal – STF – reconheceu uma demora inconstitucional do legislativo quanto a questão, e a lei ainda corre risco de ser vetada.
Leitura
Recomendada
A Eagle São Paulo é uma referência para a comunidade Leather e BDSM no Brasil. Agora ela está em um novo endereço e em um espaço muito maior. Ainda estou devendo uma visita lá, mas com certeza vou ainda este ano.
Abertura da Casa: 23h- R$30 de entrada ou R$60 de consumo;
Local: Rua Augusta, 620
David Jaffe, criador da série de jogos God of War
declarou em seu twitter que Kratos, o guerreiro espartano, é bissexual. Apesar de fazer todo sentido histórico, vários gamers machistinhas se revoltaram e incomodado com a polémica, Jaffe, disse que não passava de uma brincadeira.
Nossas fontes revelam a verdade
Arte de Cyberpunk 2077 é criticada por transfobia
No
caso de Cyberpunk 2077 foi uma falta de sensibilidade ao lidar com a comunidade
trans, apesar do jogo oferecer diversas opções de gênero uma das imagens de
divulgação do jogo usou uma pessoa trans como piada.
A
imagem trazia a mensagem “Mix it up” (misture tudo) sobre a imagem de uma
mulher onde dava para ver que ela tinha um pênis. Em face a estas duas
situações desconfortáveis vi que existem certos comportamentos machistinhas e
homofóbicos que já perduram por tempo demais entre os gamers e que está na hora
de mudar.
Porém,
a declaração da diretora de arte dizendo que esta sexualização fazia parte da
forma como as corporações de um futuro distópico tratam as pessoas, mal foi ouvida
por aqueles que trocavam injurias na internet.
O Trump
tentou mas falhou, mesmo de formas mais modestas do que foram no governo anterior, as embaixadas comemoraram sim o mês do orgulho.
As tags são ferramentas de busca e recomendações
de jogos na Steam. E apesar da Valve ter um histórico de má curadoria, é
interessante esta tentativa de dar destaque aos jogos voltados ao público gay.
Infelizmente jogos como Nekojishi, Life is
Strange e Bastard Bonds ainda não foram catalogados nesta tag enquanto alguns
jogos hentais estão lá mostrando uma visão machista de relacionamentos lésbicos.
Logo, cabe a nós usarmos este recurso.
Encerramos por aqui a trigésima sétima edição da coluna Otoko Repórter. Espero que tenham gostado. Lembre-se que agora estamos também no instagram, @otoko.reporter, não deixem de nos seguir por lá.
Quem participou da Parada ou da Poc-Com e quiser que eu divulgue sua foto pelo Instagram pode me mandar pelo app que compartilharei no Stories. Obrigado por lerem até aqui, um abraço do Otoko e boas fodas.
Marduk Hunk Otoko
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