Boa noite. Estamos começando a vigésima terceira
edição da coluna Otoko Repórter, um espaço informativo e opinativo no B de
Bara. Este mês vou responder a um pedido feito na coluna anterior e apresentar
um assunto de interesse de todos que pretendem se candidatar a tradutor.
Falarei sobre como aprender idiomas de uma forma eficiente e sobre a língua japonesa.
Aprender um segundo idioma é cada dia mais interessante,
principalmente com um mercado de trabalho mais competitivo e com a
globalização. Hoje com a internet é possível aprender qualquer idioma sem sair
de casa, ou quase...
Mas antes de decidir se você quer aprender
inglês, japonês, francês, coreano ou o que for é importante saber que todos os
idiomas possuem quatro habilidades essenciais e é o equilíbrio destas habilidades
que vai determinar a sua proficiência.
Escuta
– É a capacidade de ouvir e
compreender o que está sendo dito, tanto quanto ao significado como quanto aos
sons que são pronunciados pelos falantes.
Leitura
- Esta é a capacidade de
decifrar códigos em um idioma estrangeiro e poder compreende-los. É bom lembrar
que o texto escrito é diferente do falado. Logo, a leitura é a melhor forma de
entender a gramática e ampliar o vocabulário.
Fala
- Diz respeito a habilidade
de formar frases instantaneamente e se comunicar oralmente. Ser capaz de
transmitir uma ideia e ser compreendido é o nível mais básico.
Escrita
– Esta habilidade que mede sua
capacidade em usar os códigos de uma língua para a produção textual para
qualquer canal visual fazendo uso adequado da gramática e do vocabulário.
Dentre estas quatro habilidades não tem
nenhuma que seja superior a outra, porém existe uma ordem lógica de aprendizado
que é muito associada com o processo que usamos para adquirir nossa língua materna
e nos alfabetizarmos. Primeiro devemos aprender a escutar e ler antes de falar
e escrever.
Isso não quer dizer que ao começar a estudar
um novo idioma você deva apenas escurar e ler, mas que você deve priorizar
estas duas habilidades no início.
WELCOME A NEW CHALLENGE!
Eu disse que haviam quarto habilidades
essenciais a serem dominadas, porém existe uma quinta, que não pode ser
quantificada como as outras, esta habilidade é a cultura.
É impossível se aprender um idioma sem
aprender a cultura dos países que o utilizam. Ao mesmo passo que esta é uma das
partes mais interessantes do estudo de línguas, também pode ser um dos maiores
entraves.
Para entender isso basta usarmos nossa
própria língua. O português falado no Sul do país é bem diferente daquele
falado nas demais regiões e cada região possui seu uso particular da língua.
Além disso o português falado no Brasil também é bem diferente do falado nos
outros nove países que possuem português como língua oficial. Então imagine a
dificuldade de um estrangeiro em aprender nosso idioma ao se deparar com tantas
variedades.
Outro ponto a ser observado na questão
cultural é a época. Com o passar dos anos algumas palavras e construções de
frases caem em desuso e outras surgem. Por isso eu recomendo que SEMPRE evitem
livros com mais de cinco anos de publicação, a menos que você tenha contato com
outras fontes confiáveis que possam atualizar o conhecimento.
Let's start
Hoje existem várias formas de se aprender um
novo idioma e cada um deveria adequar seus estudos ao método que se sente mais
confortável. Além dos tradicionais cursos de idiomas é possível aprender de
forma autodidata, através da internet ou por cursos de imersão. Eu já usei
todos eles e garanto que é muito difícil qualquer um obter um bom resultado
usando apenas um método. Por isso vou dar três dicas essenciais para aprender
qualquer língua.
Disciplina é o segredo do sucesso
1)
Estude todos os dias. A
única forma de não perder vocabulário e de adquirir naturalidade com o idioma é
estudando todos os dias. De 30 minutos a uma hora é mais que o suficiente, mas
é importante que o horário seja integralmente dedicado ao estudo. Mesmo que por
apenas 15 minutos, se o tempo for bem aproveitado já está valendo.
2)
Mergulhe de cabeça. Quando
estiver aprendendo uma nova língua mude tudo que for possível para este novo
idioma. Mude a língua do seu celular, do seu sistema operacional, ouça músicas
neste novo idioma, veja filmes, etc... Ele deve estar presente no seu cotidiano
no mínimo 25% do seu tempo acordado.
3)
Esqueça o português! Não
faça comparações com o português e nem perca tempo se perguntando o porquê de
algo ser de determinado jeito em uma língua. Apenas aceite.
Como eu me tornei poliglota
Atualmente eu domino três idiomas (português,
francês e japonês) além de estudar inglês e aprender espanhol quase que por
osmose (é difícil morar onde eu moro sem ter contato com espanhol).
Eu aprendi francês por imersão, quando meus
pais me levaram para o Canadá e depois dei continuidade em uma escola
estrangeira. O japonês aprendi através de uma escola de idiomas e estudo até
hoje. E o inglês estou aprendendo por curso e pela internet. Estudei inglês
várias vezes na minha vida, mas sempre foi de forma obrigatória, só depois que comecei a estudar por vontade
própria foi que comecei realmente a aprender inglês. Espanhol, como disse, está
sendo quase que por imersão, mas pretendo levar este estudo mais a sério algum
dia.
ようこそ Bem
vindo ao mundo da língua japonesa
Aprender japonês pode parecer mais difícil
que qualquer outro idioma. Mas não é, o que ocorre é que temos menos contato
com o japonês do que com outros idiomas, por isso ele parece tão alienígena.
Óbvio que existem alguns elementos que tenho que ressaltar sobre o idioma que o
tornam tão interessante.
Aqui
não é “A, B, C...” é “ A, ka, Sa, Ta, Na...”
O idioma japonês usa dois conjuntos de
silabários (o katakana e Hiragana) além de um conjunto de ideogramas, os
Kanjis. O hiragana é usado para escrever as palavras genuinamente japonesas, enquanto
o katakana é usado para aquelas que vêm de outros idiomas. Os kanji são usados
para formar palavras e facilitam a leitura quando você passa a dominá-los.
katakana
hiragana
Yoda-san
japonês falar
O japonês não usa a mesma estrutura de frase
que as línguas ocidentais (sujeito, verbo e predicado). O verbo, normalmente
está no final sendo precedido no máximo por partículas conhecida como shūjoshi.
Isso
não é fácil de falar, mas não posso dizer que é difícil
Uma das coisas que mais dificultam a tradução
do japonês é o fato deles fazerem muitas afirmações indiretas, dando uma volta
até dizer exatamente o que querem.
Por exemplo, ao invés de dizer que um
trabalho está mal feito um japonês poderia dizer que o autor deveria ter se
esforçado mais. Ao invés de dizer que uma comida está ruim um japonês prefere
dize que ela não lhe agrada.
Até
o silêncio tem som
Quando lemos um mangá percebemos que os
japoneses adoram onomatopeias, aqueles sons escritos. Algumas delas representam
uma ação em sim outras não representam som nem ação, apenas o silêncio e a
tenção que o acompanha.
Uma
língua para a hierarquia
Em japonês existem formas de falar que apenas
uma pessoa de posição hierárquica superior pode usar e outras que pessoas de
posição hierárquica inferior devem usar para falar com os superiores. Porém,
isso não se restringe ao ambiente de trabalho. Estas relações existem entre
professores e alunos, veteranos e novato, clientes e atendentes, pessoas mais
velhas e mais novas e até dentro das famílias.
Normalmente, os cursos de idioma vão ensinar
primeiro as formas mais neutras de se expressar, as mais seguras para não
cometer nenhuma gafe. Mas nos mangás eles usam e abusam das mais variadas
formas de tratamento para acentuar a relação entre os personagens.
Onde aprender japonês
Hoje a
internet está recheada de boas oportunidades para quem deseja aprender Japonês.
E o melhor de tudo, algumas são de graça, dependendo só da sua dedicação!
NHK – Este curso é
promovido por uma influente produtora de conteúdos multimídia do Japão, logo, é
uma fonte muito séria e confiável. Ele está totalmente em português, é simples e
tem exemplos em áudio. É uma ótima plataforma para começar.
Aulas de japonês – Apesar de ser um
site associado a um curso pago ele têm muitos artigos com elementos essenciais da
gramática japonesa. É um site para ter salvo nos seus favoritos!
Gambarouze! – Um dos mais
completos blogs sobre o idioma nipônico. Vá no menu Conteúdo (na coluna da
direita) para achar uma lista extensa de lições muito bem explicadas. Com este
site e o anterior é possível chegar ao nível intermediário se você se dedicar.
Jisho – Apesar de ser em inglês é um dos sites
mais completos para se aprender kanji. Quando você procura uma palavra ele
mostra na coluna da direita os kanji que a formam, basta clicar nele para ver
um manual completo daquele ideograma. O resto depende da sua prática.
Anki – Este não é um site, mas sim um
aplicativo gratuito. Nele você cria cartões para memorização. Com este
aplicativo você pode estudar em qualquer lugar e acompanhar sua evolução. É
ideal para os dias que você não tiver tempo de sentar na sua escrivaninha e
estudar.
Japanese Input IME - Este aplicativo te permite escrever com katakanas e hiraganas. Funciona de uma forma bem intuitiva e é uma das primeiras coisas que você precisará para estudar japonês pelo computador.
Este mês retornou Sense8 em sua segunda
temporada. Desta vez as tramas se complicam, os personagens ganham
novos objetivos, tem casamento, parada LGBT de São Paulo e muito beijo gay,
lésbico e hétero para quem gosta. Sense8 já deixa marcado que ainda tem muitas
histórias para contar pelo mundo.
Investimento: R$19,90
Quem já leu este webcomic não
deixou de se encantar com os personagens hilários e com um romance gay
retratado com muita naturalidade. Além do mais é um quadrinho nacional de
qualidade, um tipo de obra que merece o apoio de quem acredita que o Brasil
pode ser uma potência na produção de HQs.
Investimento: De R$10 a R$250 (dependendo das recompensas)
Depois da Chechênia a Indonésia
também prova que mantém seus costumes medievais. Muitas autoridades têm se
esforçado para combater estas práticas, porém não é uma luta fácil e muito
menos rápida. Um exemplo destas iniciativas é a Rede
Russa LGBT.
Toda forma de bullying deve ser
combatida com o mesmo rigor, mas não podemos ignorar que as crianças LGBT são quantitativamente
as maiores vítimas.
A Profilaxia pré exposição (PrEP)já é uma ralidade da vida gay em muitos países e finalmente esta tendência pode estar vindo ao Brasil. Porém, isso não quer dizer que seja o fim da camisinha, pois existem muitas outras DSTs tão perigosas quanto a AIDS. Logo, a camisinha não perde seu espaço no bolso. >_ô
Encerramos por aqui a vigésima terceira coluna Otoko Repórter.
Espero que tenham gostado.
Queria agradecer ao Raf que sugeriu este tema nos comentários da
OR22. Espero que inspire muitos de vocês a estudar este idioma tão maravilhoso
e, quem sabe, comporem a staff do B de Bara.
Não esqueçam de nos seguir nas redes sociais e lembrem-se, se
quiserem podem enviar sugestões de pautas, fandoms e notícias por e-mail
também.
Marduk Hunk Otoko
Nenhum comentário:
Postar um comentário