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Otoko Repórte nº22 - Kazuhide Ichikawa


Boa noite. Estamos começando a vigésima segunda edição da coluna Otoko Repórter, um espaço informativo e opinativo no B de Bara. Este mês trago a tradução de uma incrível entrevista com Kazuhide Ichikawa, um dos autores mais influentes do Japão. Em quase 12 anos de carreira ele lançou mais de 60 mangás independentes além de publicar com frequência em várias revistas gays japonesas.  



Aniversário: 10 de maio de 1971
Idade: 45 anos
Signo: touro
Site pessoal: The Lucky Bag of KAZ


Fale-nos um pouco sobre você.
Já tem 15 anos* que crio mangás para antologias gays japonesas como a Badi, G-Men, SM-Z, Geki-dan, G-Bless, G-Men Gaho... Meu trabalho trata tanto da sexualidade gay como dos vários aspectos do cotidiano homossexual.


Como você começou nas histórias em quadrinhos?
Eu sempre amei desenhar mangá. De fato comecei desde os 3 ou 4 anos, me inspirando nas tirinhas do Snoopy. Mesmo ainda sendo uma criança adorava a ironia ácida da série.
Acho que o Snoopy foi meu primeiro namoradinho. Meu Deus! Eu sou mesmo um furry desde tão jovem! (risos)


Quais são suas principais influências?
Eu amo muito os mangás e doujinshi, é até difícil escolher apenas um. Mas de fato também gosto muito de ler livros. Eu diria que a leitura é uma das minhas principais fontes de inspiração.


O mangá é sua principal atividade?
Como sou mangaká em tempo integral passo de 12 a 16 horas por dia desenhando. Me levanto, desenho, tomo café, desenho, almoço, desenho, janto, desenho e durmo bem pouquinho, essa é minha rotina cotidiana (parece um pouco chata...).  Uso meu computador para os rascunhos, e depois passo a arte final no papel, depois escaneio para terminar o trabalho pelo computador. Eu uso o Mangá Studio por ser um programa muito prático.


Para aqueles que desejam ser um mangaká em tempo integral eu sempre digo: Termine ao menos um mangá, se você conseguir escrever a palavra fim no final da última página você verá a diferença entre um profissional e um amador.” Para terminar um mangá é preciso fazer muitas concessões, terá muitas coisas que você não vai gostar, você sempre se dirá “não estou gostando deste rosto”,  “AAAH este trabalho não está andando de jeito nenhum!” “Rhaaaa! Por que eu não desenho melhor?” e com certeza você vai pensar “Está horrível, isso não vai dar em nada”. Você tem que ser muito forte para ignorar tudo isso e terminar seu mangá. Se você não conseguir engolir estes elementos você nunca vai progredir.

Qual obra te dá mais orgulho?
Humm, amo todas as minhas obras! LOL. Desde meu primeiro mangá: “Natsuno Kappa” (um verão com meu kappa) até o último, “Fire Code”* (um mangá sobre bombeiros super dotados). E vocês até podem comprar meus mangás na Rainbow Shoppers ou na “G-Tsuhan-kobo”. E não esqueçam de visitar meu site para mais informações.


A homossexualidade é tema central de suas obras, por que você escolheu isso? Você acha que este gênero tem uma influência sobre a cultura japonesa?
Bem, primeiramente porque sou gay e queria ler mangás para gays que são uma minoria. Claro que tenho dentro de mim este impulso sexual que me leva a criar mangas gays. Ao mesmo tempo sou fã de mangas em geral, então queria muito ler histórias com as quais me identificasse.


Como sou gay não conseguia me identificar com histórias heterossexuais com príncipes e princesas que se apaixonam e vivem felizes para sempre. Quero histórias em que possa ser eu mesmo tal como sou.

Você já publicou em uma editora? Segundo você qual é a diferença entre o doujin e a edição profissional? Você já participou de um evento de doujin?
Meus  mangás são publicados de forma regular em revistas gays japonesa como G-men, Badi e G-Men Gaho, leiam-nos por favor.
O mangá editado profissionalmente tem que obedecer algumas exigências, tem aquilo que você pode desenhar e aquilo que não pode. Por exemplo, se você quer desenhar personagens bear você só poderá fazê-lo se o seu editor autorizar. Ao contrário, os  doujin são mais livres, dá para fazer tudo que você quer.


Porém, mantendo os pés no chão, se o mangá não é sua atividade principal o doujin e a edição profissional têm suas vantagens e inconveniências. Na Edição profissional seu retorno é garantido (bem, relativamente), mas você tem que respeitar algumas cláusulas. Desde que seu editor permita você até pode experimentar algumas coisas em seu mangá. Do outro lado, com o doujin, você pode fazer tudo que desejar, mas sem nenhuma garantia de retorno ou mesmo vantagem. Se ele for muito experimental ou de vanguarda você corre o risco de nunca encontrar o seu público.


Para aqueles que desejam desenhar de um jeito mais sério, tanto as revistas como os doujin são simplesmente duas mídias incríveis que permitem muita liberdade apesar de algumas balizas.
Eu participo da Comiket de verão e de inverno, também da YarouFes todos os anos. Se você tiver a oportunidade de ir ao Japão me mande uma mensagem com um pouco de antecedência e venha me ver, ficarei muito feliz em lhe encontrar.

Quais são seus novos projetos? Você tem alguma mensagem para seus fãs?
Eu gostaria de criar um mangá gay sério e divertido para os leitores do mundo todo. Meus projetos ainda são secretos, mas está tudo na minha cabeça! LOL! Esperem pacientemente ^_~ -<3


Muito obrigado por terem lido meus trabalhos. Espero que achem meus mangás interessantes e que vocês os comprem! Obrigado de antemão! Se possível tentem criar seus próprios mangás e de compartilhá-los com os outros, principalmente comigo! Se vos interessa, criar mangás é uma forma formidável de expressar aquilo que você pensa, aquilo que você vive como gay e falar sobre você mesmo!


Se vocês visitarem meu Twitter ou meu Facebook, não exitem de me mandar uma mensagem. (em inglês é perfeito, se for em outra língua escrevam frases curtas pro favor... neste caso usarei o Google Translator) Adoro conhecer muita gente pelo mundo.
* Entrevista publicada em 2014 na antologia “Le Bara ça n'existe pas”





Eu tenho um pote deste lubrificante e garanto que é muito bom para quem tem medo de dor na hora do sexo pois ele tem em sua fórmula um excelente anestésico e é fácil de limpar por não ser líquido.

Fiquei de queixo caído quando vi a propaganda, não por ela ser provocante mas pelo fato de ela nem mostrar a bunda do cara. Comparada a uma propaganda de cerveja no Brasil até que é bem comportada. 

Onde comprar: manhuntshop
Investimento: R$87,89 (vale a pena, vem muito)



Sabe quando as propagandas tentam empurrar que já estamos vivendo no futuro? Pois é... Este tipo de notícia me leva a acreditar que o mundo ainda está bem preso ao passado. Olhando para a política internacional tenho mais certeza ainda que agora, mais do que nunca, é a hora de nos unirmos.

Gilbert Baker, criador da bandeira LGBT, 

morre aos 65 anos


Este é um dos guerreiros que nos deixou um legado inesquecível. Achei que esta era uma notícia que, apesar de triste, não poderia faltar de forma alguma nesta coluna. Usem-no como inspiração para o concurso deste ano. 



"Não trabalhamos com ele (conceito de gênero). Nós trabalhamos com o respeito à pluralidade, inclusive do ponto de vista do gênero, de raça, de sexo, tudo. (...)", disse Maria Helena.


Apesar de ainda guardar alguns receios, tenho esperança de que trabalhar esta “pluralidade” seja um grande avanço na educação. Porém, ainda tenho minhas ressalvas quanto a interpretação que algumas escolas vão dar ao texto. Afinal, como disse Alvo Dumbledore, ex-diretor de Hogwarts “O medo de um nome aumenta o nome da coisa em si.”


Esta imagem não está no livro

Eu acho que toda a criança que se identifica LGBT sente falta de personagens como ela. Esta é uma iniciativa incrível. Mas esta editora não é pioneira, no Brasil, já foi lançado um livro com adaptações de contos infantis para o cenário LGBT(Over the Rainbow). Um deles é escrito pela famosíssima drag queen youtuber, Lorelay Fox.



Encerramos por aqui a vigésima segunda coluna Otoko Repórter. Espero que tenham gostado. 
Ler uma entrevista com um mangaká é sempre inspirador. Durante a minha pesquisa descobri o quanto o Kazuhide já publicou, se levar em conta o tempo que leva para fazer uma boa ilustração e que ele já fez algumas ilustrações publicitária então dá para imaginar que ele realmente não para de desenhar. Espero que isso seja inspirador para quem está pretendendo participar do concurso deste ano ^_^


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Marduk Hunk Otoko

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