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GRIGO OTOKO

Otoko Repórter Nº17 - Gêneros de mangá


Boa noite. Estamos começando a décima sétima edição da coluna Otoko Repórter, um espaço informativo e opinativo no B de Bara. Este mês falaremos sobre gêneros de mangá, inclusive os eróticos. Então, pergunto a você: Qual seu gênero de mangá favorito?

MIMIMI ALERT! Por uma questão prática, nesta matéria vou usar mangá para me referir apenas às HQs japonesas, apesar de no Japão TODA a história em quadrinho ser chamada de mangá) 

O mercado de histórias em quadrinhos japonês é extremamente segmentado, bem diferente do mercado ocidental. Logo uma editora como a Sueisha, trabalha com cerca de 15 antologias cada uma focada eu um grupo de leitores específico, enquanto editoras ocidentais não segmentam seu público diretamente.



O primeiro é a grande quantidade de obras que surgem anualmente no Japão, algo que só é viável pelo expressivo número de leitores no país. Uma única antologia conta com pouco mais de uma dezena de novos desenhistas, escritores e fotógrafos tentando se lançar no mercado editorial, sendo o de mangá um dos mais competitivos. Além disso, artistas independentes podem seguir no mercado de doujinshi, vendidos principalmente em convenções (veja OR Nº10).


Esta é uma revista voltada para gays mais velhos

Em seguida há o pensamento pragmático nipônico. Os japoneses, em geral, gostam de organizar, classificar e definir as coisas do cotidiano, algo acaba afetando a economia, a cultura, o urbanismo e inclusive a produção cultural.



Observando estes dois pontos, temos uma grande quantidade de material sendo produzido e a necessidade de que este material seja classificado de acordo com o público ao qual se destina. 


Gêneros de Mangá

Os mangás são divididos em gênero de acordo com o sexo e faixa etária ao qual se destinam, dentro de cada gênero há uma subdivisão de outros subgêneros de acordo com um interesse em comum de determinados segmentos do público dentro do grupo mais geral. Cada título tenta se delimitar dentro de um gênero e é etiquetado de acordo com os subgêneros ao qual se adéqua.

É importante lembrar que os japoneses criam subgêneros de mangá a todo o momento (em geral isso é marcado pelo surgimento de uma antologia voltada ao público específico ou de um evento), logo é impossível listar todos os subgêneros existentes.

Outra ressalva é que apesar dos mangás se classificarem dentro de gêneros isso não limita seu público, pois trata-se apenas de uma estratégia comercial para facilitar às vendas. 


"Gênero, não é uma limitação" a Poison entende isso muito bem


子供Kodomo: É um dos gêneros mais tradicionais do Japão, voltado às crianças que estão nos primeiros anos escolares (de 6 a 12 anos). Os personagens tendem a ser redondinhos e fofinhos e as histórias são educativas e tratam sobre o cotidiano, humor pastelão, boas maneiras, costumes e cultura. O texto é simples e direto, usando pouquíssimos ideogramas.  Neste gênero temos títulos como Doraemon, Youkai Watch, Anpanman, Hamtaro e Hello Kitty.




少年Shonen: Gênero voltado aos garotos entre 13 e 16 anos. Normalmente trazem histórias de ação, recheadas com amizade, provas de coragem e superação. É o gênero de mangá mais popular do Japão. Ele possui vários subgêneros como o echi(um tipo de humor sensual, mas não tão explícito quanto o hentai), humor e robôs gigantes. Entre obras icônicas deste gênero temos Naruto, Cavaleiros dos Zodiaco, Video Girl Ai e Soul Eater.


Alguém lembra que este shonen quase que mostrou o primeiro beijo gay da TV brasileira em um animação?

少女Shoujo: Gênero voltado às meninas de 13 a 16 anos, os traços tendem a ser finos e delicados, com poucos cenários normalmente enquadram muito o rosto da protagonista e destacam seus pensamentos. As histórias giram em torno de romances, vida escolar (que é um dos subgêneros), super heroínas (mahou shojo, outro subgênero) e atualmente, até em culinária. Títulos de exemplo são Karekano, Fruits Basket, Sakura Card Captor e Sailor Moon.


Mesmo com muita florzinha e vestidinho de babado a marmanjada adora Sakura Card Captor, às vezes mais que as garotas


女性Josei: é o shoujo voltado às mulheres com mais de 16 anos. Os traços são mais maduros e um pouco menos imprecisos. Os temas do cotidiano acompanham o crescimento das leitoras e passam a abordar a sexualidade com mais frequência. Drama e adaptações literárias são bem comuns neste gênero. Nana e Usagui drop são bons exemplos de josei.



青年Seinen: é voltado para homens jovens a partir dos 16 anos. Da mesma forma que acontece com o josei os temas são os mesmos do shonen só que acompanhando o envelhecimento do público. Mistério, horror, sexo e violência são tratados com mais frequência. O humor fica mais áspero e centrado ou na subjetividade ou no politicamente incorreto. Mangas como Deadman Wonderland e Bersek são alguns dos ícones que temos publicados no Brasil.


Gantz é sangue, tripas voando, roupinhas colada e nudez para todo mundo

劇画Gekiga: Não é exatamente um gênero, mas sim um termo cunhado pelo autor Yoshihiro Tatsumi (1957) para desvincular as histórias em quadrinho voltadas para adultos dos mangás em geral. Algo muito semelhante foi feito no ocidente por Will Eisner na década de 1970 para desvincular a arte sequencial mais madura das histórias em quadrinhos, que NA ÉPOCA eram vistas como uma literatura ruim acompanhada de um desenho medíocre.  Hoje o ekiga é tratado como um seinen mais antigo.

やおいYuri e やおいYaoi: Uma confusão muito comum no ocidente é enquadrar o subgênero yuri como echi e o yaoi como barazoku. Ambos focam muito mais no relacionamento dos personagens sendo o sexo um elemento da trama que sempre é mostrado de forma velada ( pode ser com uma imensa nuvem branca por cima, com quadros pretos apenas com os balões de pensamento dos personagens, ou mostrando-os transando apenas da cintura para cima.



De fato o yuri trata de relacionamentos lésbicos e o yaoi de relacionamentos gays, porém com um foco muito mais romântico e sentimental. A relação dos personagens conta mais do que o coito. Por isso, ambos se enquadram muito mais como um subgênero do jousei ou shoujo do que como barazoku e hentai. 



Os gêneros pornográficos

Hentai: A palavra hentai quer dizer estranho, mas tem mais uma conotação de perversão que outras palavras japonesas com o mesmo significado. Quanto ao que se refere a entretenimento adulto os japoneses já desenhavam material erótico entre os séculos XVI e XVII através de xilogravuras conhecidas como ukyo-e.

Pois é, o hentai de tentáculo é mais antigo que você imagina

Bara de tentáculo inspirado no ukyo-e aneterior

Existem tantos temas, estilos de traço e formas de comercialização que o hentai chega a ser um dos gêneros de mangas mais vastos e que mais vende. Ele também é a porta de entrada de muitos artistas que buscam se iniciar no mercado ou apenas se divertir e possui várias convenções dedicadas apenas a ele.



Shotacom / Lolicom: Shotacom é um gênero que trata do relacionamento entre um garoto (normalmente antes da puberdade) e outro personagem (homem ou mulher) mais velhos. Enquanto o lolicom trata-se de uma garota nas mesmas condições.

Apesar de nem todo shotacom/lolicom serem pornográficos a maioria é, além de apresentar cenas de violência sexual e incesto. Como não se trata de uma criança real os Japoneses não enxergam problema nisso, porém o ocidente não compartilha desta opinião o que motivou o projeto de lei anti-otaku em 2010 (que foi um fracasso) e até uma recomendação da ONU no ano passado que terminou por atingir apenas as imagens com crianças reais. 


Este polemico mangá foi traduzido para o português pelo Bara Place e causou muitas discussões 

No Brasil não há lei que proíba diretamente o shotacon/lolicon, porém o ECA (Estatuto da Criança e do Adolescente) abre margens para a interpretação de que este tipo de material seja equivalente a posse de pornografia infantil. 



O termo shotacon é a aglutinação das palavras “Shotaro” e “Complex” em referência ao protagonista do anime Tetsujin 28-go(1956). O anime não tinha nenhum apelo erótico e contava a história de um detetive mirim que enfrentava adultos de igual para igual com a ajuda de um robô gigante e de seus amigos, todos adultos.  


Já o termo lolicon faz referência ao polêmico livro Lolita (1955) de Vladimir Nabokov que trata da obsessão de um homem de meia idade por uma menina de 12 anos. Vale lembrar que não tem nada haver com o movimento da moda japonesa, Lolita.

O traço, tanto do shotacon como do lolicon variam bastante, porém é muito comum ver um traço comum dos mangás Kodomo com um certo amadurecimento para torna-los eroticamente viáveis. As obras deste gênero mais famosas no Brasil são os Shotacon “Boku no Piko” e “Papa to Kiss in the Dark” e os Lolicom “Codomo no Jinkan” e "Astarotte no Omocha"



Eu, pessoalmente, não gosto, mas não tenho nada contra. Porém, trabalhar com este tipo de material é muito arriscado no Brasil, onde as leis são ambíguas e normalmente mudam conforme o desejo de destaque de alguns poderosos.

Furry: É um gênero, não necessariamente erótico, que apresenta seus personagens como animais antropomorfizados. Por trás do furry há uma cultura e uma comunidade bem atuante. Ele abrange vários tipos de relação (hétero, gay, lésbica, pan) e possui traços bem variados. Porém este gênero já ganhou uma Otoko repórter exclusiva sobre ele. Confira!



薔薇族Barazoku (Bara):  É o gênero pornográfico voltado para o público gay. Ao contrário do yaoi ele se foca menos em sentimentos parnasianos e vai direto ao ponto, o sexo. Os personagens possuem características bem masculinas ao contrário dos personagens franzinos, andrógenos e delicados do yaoi. O traço das histórias é bem variado, mas tende mais para o seinen.



Barazoku significa tribo da rosa é um termo que era usado para se referir a comunidade gay, enquanto que as lésbicas pertenciam a tribo do lírio (que em japonês é yuri).

O gênero teve sua origem em uma revista do mesmo nome publicada no Japão a partir de 30 de julho de 1971. Foi a primeira revista voltada para o público gay e trazia em 300 páginas mensais, mangás (não necessariamente eróticos), contos, matérias jornalísticas e fotografias. Em sua história ela teve três hiatos, mas mesmo assim foi a revista gay com o maior tempo de publicação, encerrando sua impressão em 2008 com 400 edições.



Os 33 anos de publicação da revista foram marcados por crises econômicas, preconceitos editoriais e processos por trazer à tona alguns tabus da cultura japonesa. Em contra partida a revista levantou a bandeira do ativismo LGBT, foi vanguarda de um mercado voltado aos gays no Japão, foi a primeira a falar sobre AIDS em território nipônico e deu origem a muitas outras revistas do gênero.  

Hoje o gênero barazoku é o reflexo dos fetiches dos gays japoneses além de ser um espelho também para os modelos de romance e vida cotidiana de um casal gay. Aqui mesmo, no B de Bara, temos vários mangás que expressão estas duas faces da moeda do mundo gay japonês. 









Achei a iniciativa muito legal, pena que não tenho um grupo disposto a jogar este sistema (seria B&P?). Mas vale dar uma conferida, os personagens são super gostosos fofos.


Este grupo no facebook publica diariamente assuntos de nosso interesse com muito bom humor e responsabilidade. Confiram e divirtam-se! 

Overwatch


Eu joguei no primeiro beta aberto e adorei. Me diverti muito com a mecânica dinâmica do jogo e com a caracterização dos personagens acompanhados de excelentes gráficos. Mesmo estando um pouco caro eu recomendo. E para quem está duvidando se vale a pena ou não sugiro que pelo menos jogue o segundo beta aberto que será entre os dias 5 e 9 de maio
Valor: R$159,99 a R$249,99

Loja: battle.net


Capitão América: Guerra Civil

As expectativas sobre este filme estão altíssimas, até mesmo por ele tratar de um dos eventos recentes mais importantes no universo Marvel de forma a envolver todos os heróis de alguma forma. Eu já comprei meu ingresso para a estreia.

   




Há quem diga que este tipo de atitude é exagero, que o povo “não sabe mais brincar”. Mas discordo, já aguentamos este escarnio por muito tempo e agora que temos mais direitos temos que provar que sabemos como usá-los e vamos usá-los.


Quer mais um motivo para usar camisinha? Pior que isso deve ser passar um cheque e sustar uma zika. (sei que alguns vão me matar pela piada tosca).







Pois é né, quem é contra está lutando uma batalha perdida. Um verbete no dicionário pode parecer algo pequeno, mas tem um grande peso cultural.


O cuspe

Não gosto de tratar de política aqui, logo não vou me focar em quem votou “sim” ou “não” pelo impeachment da Dilma. Mas é de extremo mal gosto rebaixar qualquer um que seja com base em sua sexualidade, principalmente em um momento em que cada um usa para expressar sua opinião, sendo ela ou não condizente com a da maioria.


Encerramos por aqui a décima sétima coluna Otoko Repórter. Espero que tenham gostado. Este era um tema que já devia ter abordado antes, mas um de nossos colaboradores, Edu JW, me inspirou para que transformasse este assunto em um bela reportagem.
Estou ansioso para ver os desenhos do novo concurso de desenho do B de Bara. Espero que tenham muitos participantes mostrando que o controle do Wii é muito mais que um brinquedo. Se você não sabe do que estou falando, confira o link e participe!


Resultado da enquete: Você já sofreu bullying?

Não, nunca. 9.52% (2 votos)
Já, por pouco tempo. 23.81% (5 votos)
Durante uma boa parte da vida escolar.47.62% (10 votos)
Durante toda vida escolar. 14.29% (3 votos)
Até na faculdade.(nenhum voto)
Não, mas acho que pratiquei. 4.76% (1 voto)

Não me impressionei com o resultado. Apesar de só ter 21 votos a opinião de vocês é muito importante, afinal é uma forma de vocês interagirem comigo e um termômetro da relevância dos assuntos que trago. 


Não esqueçam de nos seguir nas redes sociais e lembrem-se, se quiserem podem enviar sugestões de pautas, fandoms e notícias por e-mail também.

Marduk Hunk Otoko

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