Capítulo 1
Parte 1 – Russel e Krigor
O
vento soprava forte sobre a copa das árvores de bordo, enquanto anunciava o
meio do outono derrubando as folhas em matizes flamejantes no chão. Mesmo a
profusão de cores quentes se mantinha discreta durante a noite, sendo
incomodada apenas pelos passos ligeiros de dois homens que caminhavam alertas
sobre ao luar.
Nas
trevas Krigor tentava procurar algum vestígio de sua presa. Uma pegada entre as
falhas do tapete rubro, um chumaço de pelo ou quem sabe até um pedaço
esquartejado de uma ovelha abandonado descuidadamente durante uma fuga
precipitada. Porém restava-lhe apenas seguir o curso do rio, afinal, homens
sentem sede, animais também, logo o que quer que vivesse naquela floresta não
podia evitar a água.
Entre
suas reflexões, Krigor percebe um feixe
de luz passando por entre seus pés e em seguida iluminando o rio e voltando novamente para suas
costas. Agora,
o caçador tinha certeza de que sua presa conhecia sua localização e deviria
estar a poucos metros dali. Segui-la era imprudente, uma ideia obsoleta.
-
Porra! O que você tem? É burrice por acaso?
Estamos andando há quarenta minutos para você estragar tudo com esta
maldita lanterna.
-OH!
Me desculpe Krigor... Mas é que ela acendeu sem eu perceber. Vou tirar as
pilhas para não acontecer de novo.
Mesmo
esta tarefa simples era complicada para Russel, ele era enorme, com mãos
enormes e desajeitadas. Não bastasse isso ele estava com sono e Russel odiava
ficar com sono, então ele estava de mau humor também e quando ficava mal
humorado conseguia ficar ainda mais atrapalhado.
As
pilhas mais lhe pareciam pequenos tabletes de manteiga fresca. Segurar uma
significava largar a outra. Assim elas escorregaram pelas mãos do gigante e
rolaram ribanceira a baixo. O lenhador, em vão, tentou pega-las antes que
caíssem no chão e se perdessem por entre as folhas. Em vão. Russel escorregou e
rolou a depressão de forma desajeitada tentando se levantar a cada volta que
dava sobre si mesmo. Na quarta ou sexta tentativa falha de manter o equilíbrio
ele se apoia em Krigor, mas nem o jovem caçador escapou do desastre iminente.
Caiu de costas na água gelada, sobre as pedras duras do rio ficando submerso
até a altura de suas clavículas. Enquanto isso Russel, caído de bunda sobre o solo
segurava firmemente uma das pilhas entre seu indicador e o polegar.
-Peguei!
-
RUSSEL! SEU FILHO DA PUTA!
E
o eco do grito de Krigor no vale foi o bastante para encerrar a frustrada noite
de caça onde o saldo era, um Russel feliz por estar em um motel com um bom
sistema de aquecimento e um Krigor irritado e molhado em frente à janela.
O
caçador tentava se distrair do fracasso limpando seu rifle, o que ele fazia com
muito cuidado, organizando cada peça sobre a mesa iluminada por uma lâmpada
incandescente. Ele fazia questão de
lustrar cada sólido de metal, mesmo os que não precisavam, examinar cada
detalhe com uma seriedade digna de um juiz. Sua concentração era tanta que o
frio que batia na janela e tentava se infiltrar por entre as travessas não o
incomodavam, mesmo protegido apenas por uma cueca branca.
Krigor
era um rapaz jovem, tinha
apenas 24 anos e um corpo esguio típico de uma juventude ativa, com músculos
talhados e evidentes sobre a pele branca salpicada de sardas e ostentando uma
tatuagem nas costas próxima ao ombro direito inspirada na capa do Rebirth do
Angra. Ele quase não tinha pelos pelo corpo e mantinha a barba sempre aparada e
os cabelos loiros muito curtos.
Russel
era o oposto, um homem grande, alto e largo. Com pouco mais de 30 anos, ostentava
uma barba grossa e bem penteada e um corpo com muitos pelos por toda a parte.
Fora os olhos, que eram pequenos e escondidos embaixo de sobrancelhas espessas,
tudo nele era imenso, os braços e pernas eram muito grossos e fortes, as costas
tão largas que ele precisava entrar de lado em muitas portas, o pescoço apesar
de curto também era largo, consequentemente as mãos e pés acompanhavam as
proporções exageradas ao ponto de parecerem desajeitados.
Krigor
terminava de montar seu armamento enquanto Russel comia vagarosamente um balde
de “poutine” comprado na loja de
conveniências próxima enquanto se distraía com a reprise de episódio aleatório
de “Friends”. Um estava de costas
para o outro como se estivessem em quartos separados.
O
silêncio em harmonia com a boa visão do jovem o ajudou a perceber um lobo do
outro lado da estrada. Na verdade as únicas coisas visíveis eram os olhos
amarelos e brilhantes do predador, mas definitivamente era um lobo. E talvez,
com a mira certa e se o vento não atrapalhasse, fosse possível acertá-lo de
dentro do quarto, fazendo com que aquela noite não se tornasse um completo
desperdício.
O
garoto colocou a munição na câmara do rifle com destreza, abriu um pouco a
janela e se apoiou sobre a escrivaninha. Agora ele só precisava alinhar a maça
de mira com o animal e ambos com a alça de mira que o puxar do gatilho viria
automaticamente. Seria um tiro perfeito.
Seria
um tiro perfeito se Russel não tivesse movido bruscamente o cano da arma da
janela. A distração foi o bastante para a presa escapar como se nunca estivesse
estado lá. Era a segunda vez naquela noite. Novamente de mãos vazias, novamente
sem ter sequer tentado um disparo.
Havia
sido a gota d’água. Krigor se levantou violentamente para gritar com seu
adversário. Só poderia ser algum tipo de gozação que enchia o garoto de raiva.
-PORRA!...
-
Cala a boca e abaixa seu facho, moleque. Se for para atirar de tão perto que
seja na floresta, como um homem com culhões.
Por
um instante Russel não era mais o mesmo, ele se erguia até onde o teto lhe
permitia, projetava seu peito para frente e olhava ameaçadoramente para baixo,
suas mãos seguravam delicadamente o cano do rifle como se fossem quebrá-lo
diante do menor sinal de resposta de Krigor. Por sua vez, Krigor, sentia-se
como uma criança sendo severamente reprimida pelo pai e prestes a levar a pior
surra de sua vida. Ele nunca havia visto o gigante daquela forma.
O
olhar severo do lenhador o mantinha hipnotizado e enchia-o de medo também. Qual
seria sua próxima ação? O que ele deveria fazer? Quem era ele? Suas pernas
tremiam ao mesmo tempo que procurava uma resposta. O garoto queria enfrentá-lo,
mas não sabia como. Queria fugir dali, mas não sabia para onde. Estas duvidas
até tinham um som, o som de seu próprio coração acelerado pulsando em seu
ouvido.
-Vamos
dormir.
Disse
Russel de forma imperativa. Krigor não tinha argumentos e nem coragem para
contrariá-lo. Teria de ser do jeito do outro.
Noventa
minutos já haviam passado, e o garoto branco não conseguia dormir. O frio era
intenso e só o deixava mais ansioso para o dia seguinte. Suas roupas secavam
sobre o aquecedor obrigando-o a dormir apenas de cueca. Mesmo as cobertas não
davam conta de deter o ar gelado. Para piorar, Russel dormia na cama que ficava
próxima ao aquecedor, logo nenhuma brisa morna transporia aquele corpanzil para
acariciá-lo.
Não
tinha jeito. Para fugir do frio ele teria que dormir na mesma cama do grandão
desajeitado. Não era hora para orgulho. De qualquer forma seria só acordar mais
cedo.
Krigor
se esgueirou pelo quarto e se infiltrou sorrateiro como uma cobra por entre as
cobertas do outro. Lá dentro era muito mais quente e confortável apesar de não
ser tão cheiroso. Russel já usava a mesma cueca há quatro dias, ela estava
cheia de manchas amarelas e rasgada em vários pontos. O cheiro de suor, de
homem rústico e de trabalho braçal se acumulavam naquele ambiente. Os pelos
corporais formavam um tapete convidativo que Krigor só conseguiu aproveitar
depois de vencer a barreira do nojo que sentia por aquilo.
Assim
que se instalou o jovem percebeu outra coisa que lhe preocupou. Acidentalmente
ele havia encostado sua bunda no pau adormecido de Russel e este acompanhava as
proporções do lenhador, era enorme, mesmo mole era enorme. Mas o que deixava
Krigor mais desconcentrado era saber que mesmo ambos estando de cueca ele havia
tido uma ereção.
Não
era o fato de ser outro homem que o incomodava, mas por ser Russel, um velho
peludo, forte, gordo e fedorento, além disso muito pirocudo. O lenhador eram
alguém que Krigor tinha como um irmão, por quem ele não sentia outro sentimento
se não amizade. Então como aquele macho lhe atraia aquelas sensações?
Ele
teria se sentido atraído por Russel quando este o ajudou a tirar sua
caminhonete da neve? Ou teria sido quando eles brigaram com outros bêbados num
boteco qualquer que insistiam que o “Toronto
Maple Leafs” não chegaria sequer a segunda fase depois da saída de Brian
Burk? Ou talvez quando eles se divertiam treinando “wrestling” durante o verão? Quando aquilo havia começado?
Preso
em seus pensamentos, Krigor nem reagiu quando o braço de Russel lhe envolveu,
sufocando-o um pouco com o calor e com o cheiro intenso que saia de seu sovaco,
mas acalmando-o até que dormisse.
De
manhã, o caçador acordou com outra ereção. Imediatamente uma preocupação lhe
envolveu, o sol já brilhava por entre a neblina que logo se dissiparia. Era
tarde e Russel perceberia sua fraqueza. Foi quando ele se virou para trás para
ter certeza de que o gigante ainda dormia. Ledo engano.
Krigor
saltou da cama sem pensar em mais nada, tropeçou, caiu de cara no chão e tentou
se arrastar como se estivesse tentando fugir. Se virou para tentar se levantar
quando percebeu, novamente seu pau tentando furar a cueca que já estava
completamente melada de pré-gozo. A vergonha o impulsionou a cobrir seu membro.
-Não
é o que você está....
-Deixa
de ser baitola e se veste. Consigo sentir daqui o cheiro...
-Como!
Não!
-...do
presunto cozido. Se nos apressarmos, talvez sobre alguma coisa.
Apesar
do susto, a voz lenta do gigante denunciava que ele não havia percebido nada.
Então Krigor se deu conta de quanto aquela hesitação era patética e poderia
entregar coisas que não existiam, que nunca existiram.
Parte 2 – A flecha
Realmente
havia presunto cozido para o café da manhã. Russel não acertou apenas isso como
praticamente todo o cardápio da pousada. O gigante, com certeza tinha um olfato
apurado, quase animalesco. Mas Krigor não descartava a ideia de ser uma
habilidade nata de um guloso ou até pela frequência com que o outro deveria se hospedar
naquele lugar.
Russel
se destacava na multidão de homens rústicos que ali estavam. Haviam
caminhoneiros, mecânicos, outros lenhadores e caçadores e até um pai com sua
família, mas nenhum homem por lá era tão espaçoso quanto o gigante. Porém os
olhares curiosos incomodavam o lenhador e eram respondidos com uma cara
amarrada de poucos amigos que só se abria para um ou outro conhecido da
cidadezinha próxima.
E
com estes que Russel conversava, pouco, mas bem alto, acompanhado de gestos
largos e palavras chulas. Aquilo incomodava profundamente Krigor. Talvez não
pelo barulho, já que o ambiente mais parecia a Bolsa de Nova York de tão
agitado, mas por uma pontada de ciúmes que latejava em seu coração. Mas deveria
ser apenas uma coisa de amigos. Exatamente isso apenas um sentimento entre
amigos.
Rapidamente
a garçonete, uma garota jovem que ajudava a família durante os finais de semana
lhes trouxe os pedidos. Por ter vindo uma porção descomunalmente maior para
Russel Krigor teve certeza que o gigante era um hospede assíduo naquele
estabelecimento.
Enquanto
comia Russel não parava de falar, mesmo com a boca cheia de ovos mexidos e
bacon frito. Talvez ele só parasse de conversar quando tomava um extenso gole
de café. Krigor não havia percebido, mas estava começando a copiar alguns atos
grosseiros de seu companheiro e quando menos esperava também estava falando ao
mesmo tempo que comia seu presunto cozido em tom alto o suficiente para
incomodar as mesas vizinhas.
De
repente o jovem se deu conta de como estava se comportando. Sentiu vergonha,
odiava aquelas atitudes de seu companheiro e não admitia estar compartilhando
delas com tanta naturalidade. Mas ao observar o ambiente só lhe veio “foda-se”
como resposta e continuou sua animada conversa sobre “hockey”.
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Rapidamente
ambos terminaram suas refeições e se prepararam para partir, afinal a nova área
de caça não era tão próxima daquele entreposto quanto a primeira, mas também
não era inviavelmente longe, apenas deveriam tomar cuidado para não esquecer
nada que fosse ser necessário no meio da floresta.
Umas
duas horas de viagem tranquila dentro de um Chrysler e mais meia hora de
caminhada e já estavam próximos a cabana que usaria como base para caça. O fato
de Russel conseguir carregar todo equipamento em apenas uma viagem do carro ao
casebre agradava Krigor tanto quanto o
impressionava.
Com
o tempo ganho o lenhado aproveitou para apresentar ao jovem uma nova arma. Era
um arco, não daqueles que lembram fantasia medieval, mas algo moderno em fibra
de carbono em que cada curva havia sido desenhada pelo que havia de mais
moderno na engenharia.
-
É um tiro muito mais preciso e sem barulho, quando você pegar o jeito não vai
mais querer saber das armas de fogo convencionais.
Se
gabava Russel enquanto passava o equipamento para o seu companheiro. Mas vendo
a inexperiência dele logo foi envolvendo o com seu corpo. Com suas pernas
empurrava as do companheiro para a posição correta, com suas mão guiava mãos e
braços para que obtivessem mais força e precisão no disparo e com sua cabeça
checava a mira junto do outro.
Aquele
contato fez o coração de Krigor explodir de excitação, se sentia um adolescente
aprendendo a dirigir com o pai. Ou talvez fossem com o namorado, pois além do
gigante lhe passar segurança também lhe excitava. O cheiro e o contato com a
pele já havia sido suficientes para lhe provocar uma segunda e indesejada
ereção.
Quando
se mostrava um bobo atrapalhado Russel irritava profundamente, parecia um
caipira da montanha que se recusava a entender os conceitos mais básicos de
cautela, boas maneiras e estratégia. Mas quando o gigante assumia aquela
postura firme parecia alguém completamente diferente, um macho exalando
testosterona e segurança, como uma besta selvagem, não, mais que isso, como se
fosse o rei dos animais daquele vale.
A
barba de Russel se esfregava no rosto de Krigor que disputava sua vontade de
beijá-lo com seu foco na mira. O peito inflando mais devagar com alguns pelos
amostra sob a camisa vermelha xadrez submetiam o rapaz à masculinidade daquele
gigante montanhês roubando sua concentração. A ereção do mesmo que ganhava
potencia sobre o jeans surrado e se impunha cutucando as costas do jovem o
deixava ainda mais desconcentrado querendo efetuar logo o disparo para se
livrar daquela inconveniente situação agradável.
-Veja!
Uma presa, consegue acertar?
O
coração de Krigor, por todos os motivos se mostrava inquieto, batia
descompassadamente oscilando a mira em um intenso movimento helicoidal. Ele
conseguia enxergar a lebre selvagem, mas não conseguia tirar a atenção de seu
instrutor. Era errado, mas ele o excitava na pior hora possível. Ele não queria
perder a calma.
-
Mantenha a cabeça fria e controle a respiração... isso assim.
As
palavras do “professor” foram o suficiente para acalmar Krigor, agora ele sentia
que tinha pleno controle da situação. Era só manter a pose puxar a corda do
arco em conjunto com a flecha com a força e o movimento certo, mirar e soltar.
-Isso,
mantenha os olhos abertos e sinta como se o arco fosse um só com seu
braço.
Era
tudo que o jovem precisava ouvir. Agora ele sentia a vibração da corda na seta
assim como o roçar da mesma no arco. Tudo fazia parte de seu corpo e assim ele
poderia acertar o que quisesse tão facilmente quanto se fosse segurar com suas
próprias mãos.
Ele
disparou a flecha no ar e viu a fazendo uma graciosa parábola até atingir o
solo. Ele havia errado. A lebre havia sido mais rápida. Ele perderá
completamente a concentração fornecida por Russel e agora encontrava-se
catatônico com a situação.
Krigor
ficou tão desorientado que só percebeu o segundo disparo quando a presa caia
inerte no chão. Colado a ele estava Russel, imponente segurando o arco tomado
de suas mãos. O gigante ostentava um olhar penetrante com o qual já havia
acertado o animal antes mesmo de segurar o arco, uma postura imperativa e
confiante que logo foi quebrada por aquele sorriso rústico que tanto irritava.
-
Acertamos.
-
Prefiro os métodos tradicionais mesmo.
Krigor
havia sido possuído novamente por seu orgulho. Como podia ter deixado sua
excitação vencê-lo? Ele que deveria ter acertado. Não podia admitir perder
daquele caipira com um brinquedinho moderno. Lembrou que odiava Russel. Deveria
odiá-lo. Não podia se deixar ser vencido por aquele sentimento. Não podia
sentir aquele tipo de coisa por alguém tão mais velho, tão fora de seus
padrões. Não era por ser outro homem, mas por ser Russel.
Parte 3 – Sangramento Noturno
A
luz do sol minguava sobre as montanhas intensificando o tom avermelhado das
folhas no chão da floresta que ardia em um fogo gélido de cores quentes. Os
dois caçadores caminhavam silenciosamente atrás de uma nova presa. Desta vez um
grande cervo que deveria ter se perdido de seu grupo.
Krigor
se impressionava com Russel. Apesar de ter trazido uma imensa mochila e do
corpanzil ele se movia com uma contrastante agilidade, como um caçador de
verdade. Cada passo parecia ser muito bem planejado, considerando todos os
cuidados necessários, levando em consideração cada possível imprevisto e
calculando imediatamente múltiplas formas de retornar ao objetivo original.
Quando queria o gigante conseguia ser impressionante.
O
jovem, mesmo habilidoso, tinha dificuldades em acompanhar a experiência do mais
velho. Seu trunfo era o bom condicionamento físico, porém estamina se esgota,
sabedoria e experiência não. Ao passo que o dia dava lugar à noite as energias
de Krigor se esvaiam enquanto Russel parecia irredutível.
Finalmente,
após a queda dos primeiros raios de luar, os caçadores chegaram ao lago onde a
presa se hidratava em alerta. A aproximação precisava ser cautelosa e calculada
para chegar perto o bastante para que o vento e outra adversidade não
desviassem muito o tiro, mas longe a ponto de manter a camuflagem.
O
lenhador já se posicionava em um local ideal, passando ligeiro e sorrateiro por
Krigor que só o percebeu quando ele levantava o rifle. Russel iria acertar. E a
ideia de ser vencido novamente por um homem tão mais velho, ou por qualquer
outro, incomodava o jovem profundamente.
Ele
imediatamente pegou outro curso, rápido, tentando ganhar alguma vantagem. Já
levantando o rifle para ganhar tempo e se encolhendo em seus passos. Tudo isso
sem nunca tirar os olhos do cervo. Era só atirar.
Ele
atirou.
Porém,
não foi um grito do cervo que se ouviu por cima da copa das árvores, mas o
berro de dor de Krigor. Ele havia pisado em uma armadilha de urso que
abocanhara sua perna direita com a mesma velocidade com que o tiro foi
disparado. A armadilha segurava forte e cruel, arrancando sangue, mas sem
decepar o membro, porém o dilacerava, quebrava o osso e furava a carne como
havia sido criada para ser, cruel.
O
jovem caçador não suportou a dor e caiu. Caiu sobre outra armadilha, esta da
natureza. Um galho fixo no solo perfurou-lhe a coxa, drenando mais sangue do
caçador que se lamentava pelo seu infortúnio com um sonoro grito de “PUTA QUE
PARIU!”.
Mas
ao invés de se lamentar Krigor teve esperanças. Como um raio Russel havia
percorrido quinhentos metros e já estava ajoelhado perto dele, tirando vários
materiais de primeiros socorros e improvisando outros como um médico
especialista em emergências.
O
gigante com um movimento rápido e cuidadoso rasgou as calças de Krigor para
analisar mais cautelosamente a situação em uma fração de segundos.
Imediatamente ele sabia o que deveria ser feito, com as mãos abriu a armadilha,
danificando-a completamente com sua força quase que como um ato de vingança
contra aquilo que ferirá seu companheiro, com a mesma ferocidade delicada
removeu o galho na coxa e o jogou-o fora. Removido o perigo ele limpou,
desinfetou, imobilizou, estancou os sangramentos e anestesiou, fez tudo que
pode, mesmo assim era impossível mover o jovem com segurança.
Ser
tratado daquela forma, sendo segurando como um boneco de pano, amarrado e
examinado deixavam Krigor tão indefeso a mercê de Russel. Mesmo sentindo muita
dor ele ainda evitava olhar para o gigante, tudo doía muito, principalmente o
orgulho.
A
noite já havia caído e como o sol a vontade de sobreviver de Krigor também
havia desaparecido. Sua perna estava destruída, provavelmente um nervo tinha
sido atingido, ele estava acabado e mesmo que de forma mais lenta ainda
sangrava. Russel ainda procurava o que pudesse ser feito, em vão, ambos sabiam
que pela distância do hospital mais próximo, Krigor iria morrer.
Aos
poucos Krigor deixava de ouvir a respiração acelerada de seu companheiro e
passou a escutar bufadas mais lentas e compassadas. O olhar do outro lhe
assustava, agora ele parecia uma besta prestes a devorá-lo, cobrindo-o com
aquele corpo imenso, passando a mão pela perna boa até atingir a cueca.
Krigor
não tinha forças para protestar contra as caricias que o lenhador fazia em seu
pau e nos seus ovos, nem contra seus dedos enormes que deslizavam no meio de
suas nádegas e tentavam invadir seu cu, mesmo assim ainda resmungava “não...”.
Russel
lambia fervorosamente o membro do caçador, agasalhava-o com sua língua larga e
cumprida lubrificando o membro já ereto com uma saliva abundante e espessa. Com
as mãos o gigante manejava as bolas do outro com maestria, apertava sem passar
para o ponto da dor causando um prazer intenso e por fim as lambia junto com o
membro intumescido do jovem.
Russel
suava, e sua secreção abundante encharcava Krigor. Talvez fosse pela dor ou
pela posição fragilizada em que se encontrava ou quem sabe fosse realmente
aquilo que parecia, mas o lenhador já dava a impressão de ser no mínimo duas
vezes maior e mais corpulento do que já era. Seu rosto parecia ameaçador
enquanto ele rosnava e balbuciava sons desconexos.
O
gigante foi cheirando o caçador indefeso, dos pés à cabeça, até que seu pau
imenso e pegajoso encostasse no de Krigor intimidando-o com seu tamanho avantajado,
uma pulsação constante e intensa e com uma cabeça enorme que não parava de
deixar a baba escorrer.
O
jovem se gabava de ter um membro grande, porém, agora se impressionava em ver
que havia um homem com um que era quase três vezes o tamanho do seu e muito
mais grosso. A humilhação do pau de Krigor se completava com o roçar do outro
pau no seu, se comparando e se impondo tão viril quanto um touro, vez por outra
abandonando esta luta e indo se esfregar no que seria o “prêmio”, o rabo de
Krigor.
Um
desespero acorrentou o jovem caçador ciente de qual seria seu destino. Ele
procuro sua faca de caça. Não foi difícil achá-la. Puxou-a discretamente e
acertou a primeira coisa que podia alcançar, o rosto de Russel.
O
golpe ligeiro e impreciso atingiu o olho esquerdo do gigante, arrancando
sangue, lágrimas e humor vítreo em grandes quantidades. Mesmo com tanta dor o
Gigante não parava o estupro. Ele agarrou a mão do jovem e esmagou todos os
ossos dela com um único aperto devolvendo a dor. Não o bastante, ele agarrou o
outro braço do caçador e o puxou, deslocando-o da articulação glenoumeral violentamente.
A
brincadeira havia acabado. Russel virou o seu brinquedo indefeso de bruços
causando-lhe mais dor por conta dos vários ferimentos. Com as duas mãos puxou
os quadris de Krigor do chão, colocando-o de quatro, mas com o peito e o rosto
encostados no chão. Havia chegado a hora, o roçar de seu pau avantajado iria se
transformar em uma lenta e dolorida penetração.
Para
Krigor tudo tinha sido tão rápido que ele não havia tido tempo suficiente de
gritar ou desfrutar a dor. Talvez o terror fosse muito maior, ou a vergonha.
Ele sentia o órgão melado do gigante se esfregando em seu ânus que se contraia
o máximo possível. Esta tentativa só pioraria a dor da perda da virgindade, mas
protegeria seu orgulho.
Porém
a viscosidade e densidade da baba do pau de Russel parecia ter sido projetada
para o estupro. O gigante com poucas tentativas já tinha lhe enfiado a cabeça
do pau por completo e a cada estocada enfiava, lentamente, mais alguns
milímetros até encostar seu escroto no do caçador.
O
lenhado gigante grunhiu mais algumas palavras e começou vários movimentos
lentos de estocada, seu pênis babava ainda mais e pulsava na mesma proporção.
Uma seção da base do pau do monstro parecia ter inchado desproporcionalmente ao
restante do falo agigantado prendendo-o no ânus.
O
pau do gigante se impulsionava para cima e se debatia em todos os cantos do
intestino de Krigor. As veias que cobriam aquele membro monstruoso pulsavam
sobre a próstata do Jovem como se tivessem sido posicionadas estrategicamente
para ampliar aquele prazer luxurioso no rapaz.
Os
movimentos foram ficando cada vez mais intensos. Mesmo assim Krigor não sentia
mais dor, algo o anestesiava, talvez fosse o sentimento que ainda nutria pelo
amigo que se confirmavam naquele ato. Para o jovem aquilo não parecia mais um
estupro, mesmo entre tanta violência ele ainda captava uma reciprocidade de
seus sentimentos no gigante. Mesmo com duas mãos peludas cheias de garras esfolando
lhe a pele dos ombros não havia nenhum sentimento maligno naquele ato.
Krigor
agora delirava de prazer, algo que nunca havia sentido antes. Uma força além da
sua compreensão que o fazia desejar mais e mais aquilo, em uma quantidade cada
vez mais sobre-humana que o deixava eufórico e relaxado aproveitando cada veia,
cada pulsação, cada estocada daquela massa de carne enterrada em seu cu. O
caçador ostentava uma ereção vigorosa como resposta de seus prazeres e já
implorava com a própria boca por aquele prazer masoquista.
-
Não pare, estoura meu rabo! ISSO!
Era
gostoso sentir aquela sensação que evitara a vida inteira. Seria este aquele
momento do final da vida em que se reflete em segundos sobre tudo que se fez? O
jovem caçador só conseguia pensar que deveria ter se entregue aquelas sensações
antes, afinal eram tão boas que ele queria que tomassem seu corpo por
completo.
Um
último movimento intenso e Russel parou. Jatos de uma porra densa chicotearam
Krigor por dentro, dominando-o com prazer. Simultaneamente o caçador também
ejaculava sem saber quando seu pau pararia de soltar porra. O leite do gigante
já inundava todo o esfíncter do jovem, envolvia o nó de carne e escorria como
um denso mel pelo cu que se contraia tentando guardá-lo por mais tempo.
Krigor
se contorcia como podia, confundindo a dor de seu ombro deslocado, de sua pele
esfolada, de sua pena dilacerada com o prazer intenso da sua ejaculação
combinadas com a do lenhador. Queria mais, não conseguia se sentir satisfeito
até despejar seu ultimo jato. Finalmente estava dominado por aquele macho e se sentia
feliz, não por ser uma experiência tão formidável com outro homem, mas por ser
com aquele homem.
O
prazer havia sido intenso demais para ambos, mesmo assim Russel não parecia
satisfeito e continuou abusando de sua presa desmaiada sem trégua e agora sem
nenhum tipo de resistência.
Só
a floresta e a lua permaneceram conscientes para acompanhar as outras tantas
gozadas do gigante enquanto o jovem caçador continuava sangrando lentamente
pela madrugada.
Parte 4 – Brumas
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Já
havia amanhecido apesar do nevoeiro manter a escuridão. Krigor amassou algumas
folhas com suas mãos para sentar no chão. Ele estava nu, mas não estava ferido,
não tinha um arranhão sequer. Ele se sentia feliz, mas assustado. Teria tido
algum tipo de sonambulismo bizarro acompanhado de um sonho absurdo.
A
porra grossa que escorria de seu anus denunciavam que não. Os restos de metal
da armadilha salpicavam o chão coberto de sangue coagulado e dos restos de um
globo ocular dilacerado. Do lado dele havia um imenso lobo cinzento caolho,
muito maior que qualquer outro da natureza. Com certeza o animal havia
compartilhado seu calor com ele durante a noite inteira. Mas nada revelava com
precisão e cronologia tudo que havia acontecido.
O
sol dispersava as brumas e junto a elas o lobo se transformava em homem,
passando por vários estágios até que Russel se tornasse reconhecível em sua
forma humana. O lenhador também estava nu e cheirava a sexo, mas parecia muito
preocupado durante seu despertar.
-
Vou entender se me odiar daqui para frente.
-
Que porra você tá falando! Russel!
-
Eu tive que fazer aquilo com você, tive que te foder naquela hora.
-Que
merda é essa, para quê?
-
Era a única forma de selar um pacto com Sucellus*,
para salvar a sua vida. Me perdoa, não tinha outra forma de salvar quem eu amo.
Krigor
olhou aquele corpo gigante e peludo encolhido. Agora ele entendia o que sentia
por ele. Não era um companheiro, muito menos um amigo, era o homem que ele
amava, mesmo não sendo o ideal, mesmo não sendo a linda mulher esbelta que ele
sempre achava que desejava, aquele gigante era a pessoa com quem ele mais
queria compartilhar sua vida.
-
Obrigado, seja como for que você me salvou, obrigado.
-VOCÊ
NÃO ENTEDE! Você não é mais humano. Você agora é como eu. Um monstro. Eu só fiz
isso por você por que queria te ver vivo por mais tempo... mas agora....
-Agora
somos dois monstros que se amam e nada mais importa.
O
sol já havia dissipado toda a névoa, mas o que descongelava o coração de Russel
era o abraço e os sentimentos de Krigor que chorava de alegria sobre os ombros
gigantes do lenhador. Ambos sabiam que a partir dali, ambos seguiriam juntos
pela mesma trilha, firmes e inabaláveis tendo um ao outro como companhia, fosse
sobre duas pernas ou sobre quatro patas.
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Olá
meus pervertidinhos, aqui é o Otoko e o Licantrphilia é o meu primeiro conto a
ser publicado por aqui. Anteriormente eu publiquei alguns contos no falecido Orkut,
porém como ele não está mais disponível para isso pedi um espaço para o
Grigolow que aceitou a ideia com prazer.
Está
não será uma coluna regular como a do Lord Bear, porém terá textos mais
extensos. Então gostaria que tivessem paciência tanto para ler até o final como também para aguardar uma possível continuação.
Sim,
o Licantrophilia terá uma continuação. Porém ela vai depender da aceitação de
vocês que será medida nos comentários tanto feitos aqui como nas redes sociais.
Então
boas bronhas e até a próxima.
PS:
Parabéns para quem achar os easter eggs que escondi no conto.
Ótima história, esperando a continuação.
ResponderExcluirNããão... só porque tenho que sair lança um conto novo (Y-Y) Asioso pra ler *-*
ResponderExcluirnossa mas esse conto foi muuuuuuuuito bom, pq essa história ficou perfeita em cada virgula do texto, continua escrevendo pq vai ser muito bom ter histórias como estas PARABÉNS OTOKO \O/
ResponderExcluirMuito bom esse conto, vou ler outra vez, e outra e outra, até pq não encontrei os easter eggs Y-Y
ResponderExcluirAchei meio estranha a transição da primeira cena pra cena do motel/hotel/sei lá. Deu a impressão de que o Russel era um daqueles subordinados desastrados e ele tava puto com ele, aí do nada depois de uma bronca ele fica excitado quando vai dormir? wat
ResponderExcluirO final também foi muito corrido, o Krigor aceitou numa boa que virou um lobisomem (?) sem perguntar mais nada. Q
Fora isso eu gostei muito. Quero mais. ;-;
Poxa, gostei demais! :D
ResponderExcluirOtoko!
ResponderExcluirParabéns!!! ótimo conto! ótimo mesmo!
Ansioso aqui pela continuação ^'^)
Amei seu conto Otoko, o final quase me matou de tesão
ResponderExcluirMe lembrou Teen Wolf com essa parte de Deus celta e Lobisomens
ResponderExcluirAmei ,mega top.ai como eu queria um lenhador kk
ResponderExcluir"O que devo comentar?" pensei, mas estou tao extasiado que palavras não me vem.
ResponderExcluirEsse conto é magnifico! Lobisomens, meu sonho de consumo + 2 caras BARAvilhosos + um enredo fantástico = Gozei litros :v
minha reação lendo esse conto
http://2.bp.blogspot.com/-tZCfkc4ilk0/UdYIvfnvlRI/AAAAAAAAA9A/bVWLJCCrj70/s300/13.gif
(mais um gif "emprestado" do tutr :v)
Todavia, amei o conto Otoko, necessito muito da continuação
http://4.bp.blogspot.com/-XrmOwksSre0/UoEYl-dCJ6I/AAAAAAAABmA/CzWpaqlwi_A/s1600/tumblr_mvrkovDHLF1ql5po2o1_500.gif
Adorei a historia perfeita em exitação e um final romântico
ResponderExcluirPS: adoro historia de lobisomem
porra Otoko! que foda cara! nao perde em nada pro Lorde Bear...o tema fez ate ser melhor( =X ) continua sim por favor
ResponderExcluirÒtimo conto, to ansioso por uma continuação, obrigado pelo conto ! *u*
ResponderExcluirmelhor conto de todos adorei o enredo e tudo no final pare q vai dar errado mas depois tem um final lindo
ResponderExcluirPuts Otoko, novamente vc me deixando com a cueca melada. Cacete já li duas vezes.
ResponderExcluirSerá que só eu imaginou o Otoko como o Russel.....
bdebara/otoko lacrou agora com esse conto help. Muito bom(!!!) e sua narrativa é 10. já estava achando que seria uma one-shot T-T, graças a deus que não. No aguardo da continuação. *------* (comentando
ResponderExcluircomo Anônimo temporariamete)
Uma história bem elaborada,prende o leitor durante a narrativa e muito bem detalhada.Incrível,parabéns.
ResponderExcluirNão gostei.
ResponderExcluirDetesto histórias que possuem estupro no meio.
Não enxergo isso como fetiche ou como algo que 'dá tesão'.
O contexto e a narrativa são confusas, tanto que me perdia umas 3 vezes a cada parágrafo.
Quanto ao deus celta da fertilidade: Por qual razão um estupro seria um pacto para salvar a vida de quem sofrera o estupro? É muito contraditório.
Não estou questionando sua capacidade de escrever contos. Possui notória criatividade, sem dúvida, mas é preciso trabalhar muito a mesma.
Eu possuo vários rascunhos de estórias e histórias; causos e lendas frutos de devaneios indecentes, mas aprimoradas/aprimorados com o tempo para virem a denegrir o mínimo da dignidade humana de quem lê-las/lê-los.
Quando eu conseguir publicar, eu posso passar o endereço das mesmas/dos mesmos, se querem, óbvio.
Abração.