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GRIGO OTOKO

Otoko Repórter Nº24 - Harvey Milk


Boa noite. Estamos começando a vigésima quarta edição da coluna Otoko Repórter, um espaço informativo e opinativo no B de Bara. E como é a coluna nº24 e amanhã (dia 28) é o Dia Internacional do Orgulho LGBT resolvi trazer o tema mais gay de todos só para vocês. Então, antes de chutarem a porta do armário e de levantarem suas bandeiras coloridas cliquem no “Continue Lendo”, pois é importante.


Harvey Bernard Milk
Nascimento: Nova Iorque, 22 de maio de 1930
Signo: Gêmeos
Falecimento: São Francisco, 27 de novembro de 1978
Ocupação: Comerciante, Político e ativista LGBT
Religião Judaísmo

Ao contrário dos outros fandoms, este não é sobre um desenhista ou personagem, mas sim sobre um político.  Por conta das ações ativistas dele que hoje temos muito mais direitos do que os gays do século passado poderiam sonhar.
E exatamente por Harvey Milk ter feito tanta diferença em uma época tão distante que precisamos de uma pequena contextualização histórica.

Um colorido passeio pelos anos 1960

A Segunda Guerra Mundial terminou 1945, logo os anos de 1960 eram sustentados por uma geração que já havia se recuperado das mazelas deixadas pelo conflito. Entretanto o medo de uma nova guerra assombrava a população americana, fosse por conta da Guerra do Vietnã(1º de novembro de 1955 a 30 de abril de 1975) ou pela guerra fria.


Apesar dos danos causados pela Segunda Guerra Mundial ela possibilitou grandes avanços na área médica, tecnológica e científica. É nesta época que a IBM lança o primeiro chip de computador, Yuri Gagarin torna-se o primeiro ser humano a ir ao espaço (12 de abril de 1961) seguido da expedição à Lua pela Apolo 11 (20 de julho de 1969).
O medo de um novo conflito e as esperanças acendidas pelos memoráveis feitos científicos criaram um movimento de contra cultura chamado de movimento hippie. Ele tinha como lema a paz e o amor, por se opor aos conflitos armados e acreditar em um mundo onde as pessoas deveriam valorizar mais a felicidade e o bem-estar. O auge da força do movimento hippie se deu no festival de Woodstock, (15 a 18 de agosto de 1969) que reuniu grandes nomes da música da época como Janis Joplin, Jimi Hendrix e Keef Hartley (infelizmente os Beatles não puderam comparecer).
Conflito de Gerações

Nos Estados Unidos as classes mais conservadoras repudiavam em diversos níveis o modo de vida da parcela mais liberal da população. Como a liberdade sexual fazia parte da pauta dos grupos liberais, pessoas LGBT eram tratadas como cidadãos marginalizados e com diversos direitos ignorados ou suprimidos o que os obrigava a se refugiarem em guetos.  

A marginalização dos gays não era só em um âmbito social. A Lei da Sodomia condenava diversos atos sexuais como sexo anal, sexo oral, sexo homossexual entre outras práticas. A pena, apesar de não ser mais execução, ainda era bem severa e podia chegar a até dez anos de encarceramento e confisco dos bens.


A Lei da Sodomia era uma herança de uma lei inglesa de 1534. O que a mantinha, mesmo depois da independência americana, era o argumento de que era necessário proteger a família, a moral e os bons costumes. Argumentos que ironicamente perduram até hoje.
O lento amadurecimento dos direitos LGBT

Apesar de a  Society for Individual Rights (SIR) e a Daughters of Bilitis (DOB) começarem a lutar contra a perseguição da polícia em relação aos bares gays, as conquistas eram pequenas e bem pontuais. Enfrentar os grupos conservadores exigia muita estratégia e manobras políticas.


Apesar da SIR reunir nomes fortes como  Jim Foster, Rick Stokes e o editor da Advocate David Goodstein  ela baseava sua estratégia em financiar projetos de leis favoráveis a causa (ou seja, pagar para colocar certos projetos de lei em pauta) e articulações políticas. Porém seu principal candidato, Rick Stokes, era politicamente fraco e pouco expressivo.

Harvey Bernard Milk antes da política

Harvey Milk era o caçula do casal William e Minerva Karns Milk. Desde criança ele era uma criança carismática e apaixonado pelas belas artes, em especial pela opera. Ele seguiu exemplarmente sua carreira estudantil e se alistou na marinha americana, chegando a participar da guerra da Coréia (25 de junho de 1950 a 27 de julho de 1953).Ele deixou a marinha no posto de tenente.


Depois deste período ele conheceu seu primeiro namorado e se mudou para o Texas, mas ficou pouco tempo por lá, mudando-se para São Francisco e abrindo uma loja de fotografias na Rua Castro.

A escolha da Rua Castro se deu por ser um dos guetos gays mais movimentados que disputava espaço com uma população de famílias conservadoras. Esta fama deu a ilusão a Harvey e seu namorado que poderiam ter uma vida tranquila por lá.


O perfil conservador dos moradores mais tradicionais dificultou que Harvey Milk se registrasse na associação comercial local, pois ele era abertamente gay. Em resposta ele fundou a própria associação comercial que tinha como foco os comerciante mais tolerantes.

O candidato Harvey Bernard Milk

Inicialmente, Milk, não entrou na política por causa da violência diária que presenciava contra a comunidade gay. Ele se engajou na luta por indignação com as prioridades do governo e pela indignação nacional causada pelo caso Watergate.

A primeira medida que ele tomou foi transformar a Loja de fotografias de Milk que ficava no nº575, a Castro Camera, em sua base de campanha. Posteriormente além de sede eleitoral o nº575 tornou-se o átrio dos revolucionários pelos direitos LGBT da época.


Porém, a inexperiência política de Harvey Milk, e as propostas fracas, sustentadas nas frágeis de uma campanha com poucos recursos e aliados (em especial sem o apoio da SIR e da DOB o levaram a sua primeira derrota no ano de 1973.

Em 1975 Harvey tenta uma nova candidatura. Desta vez com mais experiência e aliados como os sindicatos e associações dos caminhoneiros, bombeiros e propostas mais bem elaboradas. Porém, apesar de conquistar um número expressivo de votos ele tem uma nova derrota nas urnas.

No ano de 1976 ele conquista sua primeira vitória na política. Sendo indicado pelo prefeito recém-eleito, George Moscone para um cargo no Comitê de Apelação de Licenças. Milk se torna o primeiro comissário abertamente gay de uma cidade nos Estados Unidos.


Mesmo com um cargo importante ele não conquista as eleições daquele ano para a assembleia, porém adquire a experiência e os aliados necessários para sua primeira candidatura  como supervisor de São Francisco (um cargo equivalente com o de vereador no Brasil). Isso o torna o primeiro gay assumido eleito para um cargo público na história.

Obras do supervisor Harvey Bernard Milk

Milk iniciou seu curto mandato fazendo importantes alianças com o prefeito Moscone  e com o  conselho de supervisores o que o permitiu dar prioridade à votação de muitos de seus projetos de lei.


Como um bom político, Milk não atuou apenas na aprovação de causas LGBTs, mas em todas aquelas em que grandes empresas sobrepunham-se aos interesses dos cidadãos, como a construção de um edifício garagem que desalojaria várias pessoas, a cobrança de novos tributos e a favor da implantação de uma clínica para jovens com problemas mentais o que lhe rendeu a antipatia de Dan White.

Em prol da comunidade LGBT, Milk apresentou e aprovou projetos que combatiam a discriminação de qualquer pessoa por conta da sua identidade de gênero e orientação sexual. Em relação a todas as leis propostas anteriormente a de Milk era a mais rigorosa e abrangente de todas e, posteriormente, foi usada como modelo em muitos países.

Antes desta lei ser aprovada estava em pauta outra lei que permitiria que professores gays e lésbicas pudessem ser demitidos sem nenhuma outra causa e sem qualquer direito ou recurso.  

O assassinato de Harvey Bernard Milk, o nascimento de um mártir

Em 10 de novembro de 1978, o supervisor Harvey Bernard Milk e o prefeito de São Francisco foram assassinados pelo ex-supervisor Dan White.

Alguns meses atrás, depois de uma série de oposições a Milk, White renunciou ao cargo de supervisor. Uma de suas alegações era que o salário de supervisor não era o suficiente para sustentar sua família.


Sem o cargo político e sem conseguir retornar a sua carreira policial, Dan White, resolveu pedir seu cargo de volta ao prefeito George Moscone, que aceitou, porém veio a mudar de ideia.

Revoltado, Dan White, entrou no gabinete do prefeito e o assassinou com uma arma de fogo. Em seguida assassinou Harvey Milk.

Naquela noite, uma reunião espontânea começou a se formar na Rua Castro movendo-se em direção à prefeitura em uma vigília com velas. A quantidade de pessoas foi estimada entre 25 mil e 40 mil, abrangendo toda a Rua Market, estendendo-se por mais de 2km, da Rua Castro. No dia seguinte, os corpos de Moscone e Milk foram levados para a rotunda da prefeitura onde as pessoas de luto faziam suas homenagens.

Dan White entregou-se a polícia e assumiu a culpa pelos crimes. Ele ficou preso durante cinco anos e dois anos depois de solto suicidou-se.  

Para saber mais

Hoje há dois filmes essenciais sobre a luta de Harvey Milk. O primeiro é o documentário “The times of Harvey Milk”, produzido em 1984 pelo diretor Rob Epstein. O filme recebeu o oscar de melhor documentário em 1985 e o prêmio especial do júri no primeiro Sundance Film Festival.



O segundo, mais popular, é o filme com algumas cenas documentais “Milk: A voz da Igualdade” de 2008. A obra foi contemplada com os Oscars de Melhor ator para, Sean Penn, e melhor roteiro original, para Dustin Lance Black.  


Opiniões pessoais

Muitas vezes acreditamos que nossos direitos já estão garantidos só porque vemos uma imensa parada LGBT na televisão. Outros já acham que ativismo é bobagem, fazer barulho atoa. Mas isso nos faz esquecer que a liberdade é um bem muito frágil, se você não cuidar alguém vem e a toma de você.


O próprio Harvey Milk não tinha tantas ambições políticas quando se candidatou pela primeira vez, mas foi percebendo ao longo de suas tentativas de eleição a diferença que ele poderia fazer na vida das pessoas.


Foi por não ter esperado que alguém do meio político tomasse alguma atitude e partido para a luta em prol dos direitos LGBT nos EUA que Milk inspirou diversos outros países nesta causa. Uma influência que para nós, pode ser até comparada a revolução francesa.


Daqui a mais ou menos um ano entraremos em período eleitoral aqui no Brasil. E alguns candidatos vão ameaçar nossos direitos. Então, mesmo que você não queira berrar em um alto falante, sacudir uma bandeira colorida e fazer protesto, pelo menos faça ativismo nas urnas. Escolha candidatos que te garantam um futuro melhor.



Em comemoração ao Dia Internacional do Orgulho Gay, o ator, roteirista e responsável pelo canal Eu Leio LGBT, Felipe Cabral via promover, no dia 28, uma noite de cinema (duas sessões 20:15h e outra, às 21:30h) apenas com curtas LGBT no Cine Joia, em Copacabana, no Rio de Janeiro. O melhor de tudo, a entrada é franca.


Eu não pude ir a festa de três anos do Põe na Roda e nem poderei ir, então vão no meu lugar e contem como foi.

American Goods


A série está simplesmente perfeita. Em sua primeira temporada já gerou muita polêmica por mostrar uma cena de sexo gay bem explícita. Certo, foi só uma cena e American Goods é muito mais que isso, é uma crítica social feita em um ambiente apático e sufocante recheados de elementos fantásticos invisíveis aos que preferem adormecer no cotidiano.
Onde encontrar: Amazon Prime Video
Investimento: US$ 5,99/mês após os seis primeiros meses


Trump cancela o Mês do Orgulho LGBT da Casa Branca

Espero não ter que carregar esta bandeira com a frase traduzida para o português

O já impopular presidente americano, Donald Trump, cancela a tradicional comemoração  do mês do Orgulho LGBT na Casa Branca. Como se não bastasse a retirada da página sobre direitos LGBT da página da Casa Branca em janeiro.  Se isso não for uma afronta aos direitos de um grupo significativo de cidadãos eu não sei mais o que é.


Google mostrará empresas amigáveis com os LGBT em busca

Só espero que as empresas simplesmente não saiam marcando a bandeirinha deliberadamente. Uma empresa amigável com a comunidade LGBT é aquela que não liga se você entra de mãos dadas com seu namorado, ou namorada, ou com seu namorado e sua namorada, é aquela que se você se apresenta como sendo de determinado gênero vai te tratar com os pronomes daquele gênero (ou no mínimo perguntar como você quer ser tratado).  Não apenas isso. É aquela que vai tratar igualmente qualquer funcionário e não vai discriminar um candidato por ele ser trans ou afeminado.


Entre as empresas brasileiras acho isso um pouco complicado. Mas ficaria muito feliz em ver um mundo empresarial menos cinzento.



Não é a primeira vez que este grupo cristão marca presença na parada LGBT de São Paulo. Será muito legal quando eles passarem a ser a regra e não a exceção, pois isso ajudaria muita gente que não consegue se identificar dentro de suas próprias igrejas.



Encerramos por aqui a vigésima quarta coluna Otoko Repórter. Espero que tenham gostado, afinal, política é um assunto que normalmente as pessoas acham chato.


Não esperava que a coluna fosse sair tão comprida, mas ainda foi curta para o que se tem a falar sobre Harvey Milk. Desde que conheci a história dele ele tem sido uma inspiração.

Muitas vezes esperamos que os outros lutem pelos nossos direitos e procuramos não nos envolver demais, e então esquecemos que às vezes cabe a nós dar o primeiro passo.


Como eu disse antes, esta coluna é uma das minhas formas de fazer ativismo. Então, peço que encontre a sua e lute.

Um jogo para descontrair

Dentre as Sailor Bears, com quem você casa, com quem você fica e quem você pune em nome da Lua. Responda nos comentários e clique na imagem para ampliar.
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Marduk Hunk Otoko

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