Resultados finais do 9º Concurso de desenho do B de Bara! Confira aqui os resultados finais da 9ª edição do concurso de desenho do B de Bara! Obrigado a todos os participantes e aos leitores que votaram! LEIA MAIS
GRIGO OTOKO

OTOKO REPÓRTER Nº32 - LEATHER


Boa noite. Estamos começando a trigésima segunda edição da coluna Otoko Repórter, um espaço informativo e opinativo no B de Bara. Este mês falaremos sobre moda leather (couro), o tema do concurso de desenho. Então, espero que sirva de inspiração para vocês.

Leather

Leather é uma subcultura associada à uma vertente específica da moda que usa de indumentárias de couro para expressar o hedonismo e a liberdade sexual.

Esta moda é mais presente na cultura gay, porém não é exclusiva dela. Também é associada principalmente à pratica do BDSM - Bondage e sadomasoquismo, mas hoje acaba aglutinando um leque de muitos outros fetiches. 


Cenário cultural

A moda leather masculina tem origem nos bares de motociclistas que surgiram nos Estados Unidos na década de 1940, principalmente na Califórnia e em Nova York. Estes bares reuniam homens rústicos, aficionados por motocicletas e pouco adeptos às leis e normas da sociedade, muitas vezes até criminosos. Um dos exemplos mais icônicos são os Hells Angels, que tinham como lema “Quando fazemos direito, ninguém lembra. Quando erramos, ninguém esquece”.
O ano de 1945 foi marcado pelo fim da Segunda Guerra Mundial. Isso facilitou que muitas indumentárias associadas às forças armadas ganhassem um simbolismo de poder e masculinidade. Itens como os óculos Ray-Ban Aviator, quepes, coturnos, botas militares e luvas ganhavam um status de virilidade na cultura popular.

Um exemplo marcante desta influência na cultura pop está no filme “The Wild One” (1953), dirigido por Stanley Kramer. O longa conta a história de Johnny Strabler, um líder de uma gangue de motociclistas em uma jornada sem rumo cheia de transgressões e rebeldia.  

O figurino deste filme foi referencial para outras vertentes da cultura

A forte influência dos elementos militares, motociclistas e a valorização da virilidade masculina associada à liberdade, formou o cenário em que surgiu o ilustrador Tom of Finland. Um dos artistas que mais encharcou o imaginário gay com os fetiches que viriam a dar origem à subcultura Leather.


Já na década de 1970 surgia o movimento Punk em oposição ao pacifismo dos Hippies que se proliferaram desde a década de 1960. O movimento tem como principais características a independência e a agressividade, de forma a chocar a sociedade em especial sua parcela mais conservadora.

Forças maiores me fizeram colocar um clip do Sex Pistols e não do Ramones

O movimento punk teve sua origem muito associada à musica, em especial às bandas MC5, Ramones, Sex Pistols, Stooges e Velvet Underground. A rápida popularização da televisão como um dos maiores meios de comunicação de massa fez com que o estilo musical também influenciasse várias facetas da cultura como moda, comportamento, artes plásticas, grupos, etc...



Uma das características mais marcantes da subcultura punk é a moda, carregada de roupas de couro com nuances sadomasoquistas, jeans e camisetas de segunda mão ou customizadas (muitas vezes de maneira propositalmente desleixada), esporões, e peças extravagantes ou deslocadas do restante do conjunto.


Não podemos esquecer dos icônicos moicanos e cabelos espetados

A filosofia por trás da subcultura punk era centrada na anarquia logo buscava uma libertação de todo o tipo de dominação imposta, fosse ela cultural, religiosa, sexual, política ou social. Este sentimento de revolta contra o conservadorismo dá ao estilo punk o dever de chocar a sociedade tanto através de suas atitudes como de sua aparência.



A comunidade LGBTQ+ da década de 1970 não só sofria as influências da contagiante subcultura punk como também de grandes movimentos dos anos anteriores voltados ao orgulho gay, entre eles a eleição e assassinato de Harvey Milk, mas principalmente a revolta de Stonewall em 28 de junho de 1969.


Fico devendo uma OR só sobre isso

Folsom Street

Hoje, a Folsom street é referência da cultura Leather em São Francisco, a cidade mais liberal dos Estados Unidos. Ela está localizada no bairro South Market e se destaca por seus estabelecimentos pouco convencionais. 



O primeiro bar de couro de São Francisco (Califórinia) foi o Sailor Boy Tavern, aberto em 1938, com a ideia de servir de ponto de encontro para os marinheiros que estivessem à procura de sexo gay sem compromisso durante uma estadia rápida.




Mas foi na Folsom street, localizada no South of Market, que a subcultura Leather se firmou. A rua possui vários bares de couro e lojas especializadas no estilo Leather. Sendo o Febe’s, o primeiro bar de couro localizado nesta rua, inaugurado em 25 de julho de 1966. E também contemporâneos o Stud Bar e a loja especializada Taste of Leather.


Parte do mural de Chuck Anrte - Stud Bar

No final dos anos 1970, a Folsom Street apresentava mais de 30 bares de couro, clubes e comércios diferenciados, sendo a maioria a uma curta distância uns dos outros. Esta aglomeração de serviços voltados a um público com gostos distintos deu início ao maior evento da cultura Leather, a Folsom Street Fair.


Folsom Street Fair

Antes da Folsom Street Fair, a comunidade Leather se encontrava no “California Motorcycle Club Carnival” um evento organizado por vários clubes de motociclistas gays.  O festival passou a ser realizado todo segundo domingo de novembro de cada ano indo de 1966 até o último em 1986. A feira contava com diversas apresentações culturais, exibições, bares a céu aberto, locais para sexo casual, comércio e muita gente LGBTQ+ vestida em couro sobre poderosas motocicletas Harley Davison.

Bar SOMA

A década de 1980 foi uma das mais difíceis para a comunidade LGBTQ+. O surgimento da AIDS reforçou grupos conservadores que usaram de seu falso moralismo para fechar vários bares, saunas e casas de encontro em nome da “saúde pública”. Em resposta ao fechamento de vários pontos de encontro da cultura Leather, vários dos adeptos se reuniram em uma feira de rua que ficou conhecida como Folsom Street Fair (Feira da Rua Folsom,literalmente). 

Além de um evento para reerguer financeiramente os prejudicados, ela também foi usada para promover o sexo seguro e informações mais precisas sobre a síndrome que tanto assustava as pessoas da época. O sucesso da feira foi tão grande que também deu origem ao festival Up Your Alley, realizado na Rua Ringold em 1985 e posteriormente passando para o beco da rua Dore, entre as ruas Folsom e Howard.


A Up Your Alley de 2018 será no 29 de julho e a Folsom Street Fair acontecerá no dia 30 de Setembro. Normalmente a Up Your Alley é realizada no último domingo de julho e a Folsom Street Fair no último domingo de setembro, salvo algumas exceções. 



Bandeira do Orgulho Leather


A Leather Pride Flag foi criada pelo artista Tony DeBlase e foi exibida pela primeira vez em 28 de maio de 1989 no concurso internacional Mr. Leather, realizado em Chicago. É um símbolo para a comunidade do couro - pessoas que gostam de couro, sadomasoquismo, escravidão, dominação, uniformes, borracha e outros tipos de fetiches sexuais. Esta bandeira é mais encontrada na comunidade gay, mas abrange todas as orientações.


Segundo DeBlase "A bandeira é composta de nove faixas horizontais de igual largura. De cima e de baixo, as listras alternam preto e azul royal. A faixa central é branca. No quadrante superior esquerdo da bandeira há um grande coração vermelho. Vou deixar para o espectador interpretar os significados das cores e seus simbolismos". Isso faz com que seja possível encontrar algumas variações desta bandeira. 

Moda Leather contemporânea

A moda Leather sofreu várias alterações durante os anos, fenômeno comum em subculturas. Porém, a exaltação da virilidade, a predominância do preto e os toques de sadomasoquismo são características imutáveis.

 

Os avanços tecnológicos trouxeram o couro sintético que não é de agrado unânime, mas também introduziram novos materiais, como o neoprene, o vinil e a borracha. Estes, muitas vezes são menos dominantes, mas acabam compondo alguns visuais por conta da maleabilidade, da aderência ao corpo ou pelo brilho com contraste mais acentuado.


As cuecas brief e slip têm ficado em Segundo plano em relação às jockstraps e novos modelos que deixam apenas a bunda de fora. Pelos catálogos das lojas já ficou claro que as jockstraps chegaram para ficar há muito tempo.

Os arreios e jaquetas abertas sempre estiveram em alta, mas hoje os arreios possuem mais variedades de formas além da introdução de suspensórios, canículas e até, paletós e gravatas, gerando um visual mais social sem abandonar a essência.


Hoje há uma vasta gama de acessórios militares, além dos quepes podemos ver bibicos, capuzes e até mascaras de gás. As luvas variam entre vários modelos assim como os calçados mas, normalmente, fazem referência às forças armadas.

Acessórios

A moda Leather pode ser muito cara, principalmente no Brasil. Logo, quem deseja aderir ao estilo deve ter muita cautela na hora de comprar seus produtos, no cuidado com eles e saber como combiná-los corretamente.


Um aviso importante é que as roupas de couro esquentam, e muito. Por isso é bom planejar muito bem a ocasião para usá-las para que seu estilo não se volte contra você.

Vale relembrar que a moda Leather não é apenas uma roupa, mas um comportamento de virilidade, independência e liberdade sexual, portanto, entre em sintonia com esta filosofia antes de gastar dinheiro que poderia ser investido em brinquedos eróticos.  

Arreios (harness) – Existem três tipos de arreios que estão bem comuns. O “X” que cruza no peito e nas costas. O H que envolve os ombros e se liga por uma única tira na parte superior do peitoral. E o “Y” que envolve um dos ombros com duas tiras e com uma maior envolve o peitoral. Há outros modelos, porém eles tendem a ser variações desses.


Botas e coturnos – Esqueça as botas de trilha com cano curto. A grande predominância são dos coturnos, botas de motociclista ou de cavalaria, normalmente com um cano alto e ponta mais arredondada.
Apesar da forte influência das forças armadas pouco se usa o coturno de lona preferindo-se os acolchoados, com o exterior completamente em couro e sempre pretos.

Além de deixa-lo sempre bem engraxado e limpo preste atenção na amarração do cadarço, ela também faz parte da estética deste tipo de calçado e do visual como um todo.

Luvas de Couro – É bom saber escolher um par que além de compor seu estilo não atrapalhe algumas atividades corriqueiras. Talvez seja necessário ativar algumas opções de seu smartphone caso opte por modelos com dedos.


Calças e Chaps – As calças ou chaps, normalmente não são justas nem folgadas, mas devem valorizar principalmente o contorno das coxas e da bunda. Algumas podem requerer um cinto para completar a estética ou uma boa cueca de couro no caso dos chaps.

Sharps são estas calças com aberturas “estratégicas”

Coberturas – Os quepes de couro são praticamente imortais dentro da moda Leather. Por conta disso é um investimento que vale a pena. Há outros tipos de chapéus como o bibico e até alguns modelos de bonés de couro, mas nada desbanca um quepe. 
handkerchief code

Hoje  o “handkerchief code”, código da bandana, não é mais tão difundido quanto foi no surgimento e firmação dos bares de couro da Califórnia, mas conhecê-lo é uma questão cultural deste meio.

Ele consiste em usar uma bandana colorida no bolso de trás da calça para dizer o que você está procurando. Se o tecido estiver do lado esquerdo, significa que você oferece a prática e no lado direito que você recebe.

Sempre digo que é bom ter cuidado com o que se põe na bunda

Encontrei listas enormes, com várias tonalidades e padrões, mas vou listar aqui as principais.

Cor
Tara
Amarelo
Urofilia
Azul Claro
Sexo Oral
Azul Escuro
Sexo Anal
Cinza
Bondage
Creme
Ingestão de sêmen
Marron
Scatologia
Preto
Sadomasoquismo
Roxo
Piercings
Verde
Prostituição

Referências e Leituras complementares








A Netflix continua alimentando nossa relação de amor e ódio. A série já havia sido cancelada por cortes de gastos, mas pelo menos ganhou um episódio final em consideração a todos os fãs que não se calaram. Agora o episódio já tem data marcada.



Eu sempre acreditei que as polícias deveriam existir para defender TODA a sociedade e por isso mesmo, qualquer membro apto desta mesma sociedade poderia ingressar em suas fileiras. Espero muito que este seja um caso isolado e que eu esteja certo, por mais que as atuais situações direcionem minha visão para o caminho contrário.




Esta notícia é tão errada de tantas formas diferentes. Primeiro por um grupo de pessoas se esforçar tanto para acabar com outra. Em seguida vem esta visão de falso moralismo aliada à covardia como se um período fosse o suficiente para desmerecer um dos melhores filmes de super-heróis que já vi. E para fechar com chave de ouro, o fato de que não há nada do Winston Duke, que interpretou o M’Baku, que eu considero o mais gostosão do filme.  

Patrick Shumba Mutukwa e Winston Duke, é obvio de quem eu mais quero ver nudes




Muitos podem não acreditar, mas quanto mais séries mostrarem os LGBTQ+ como pessoas com os mesmos problemas e sentimentos que qualquer um, menos homofobia teremos no mundo. E quanto mais cedo esta mensagem for passada mais natural ela se torna. A minha geração não teve isso, então é bom que as novas aproveitem ao máximo. 



Gostem ou não, eu não sou fã dela e não fico todo remoído se dizem que ela não canta nada, apenas não ligo. Porém, não nego a grande visibilidade e empoderamento que ela tem dado ao público LGBTQ+. Oportunamente lerei, mas quem já leu deixe sua opinião nos comentários.


Encerramos por aqui a trigésima segunda edição da coluna Otoko Repórter. Espero que tenham gostado, pois tentei ser o mais competente possível para falar do meu principal fetiche. Esta foi uma coluna longa e difícil de fazer (por diversos motivos), por isso ficarei muito satisfeito em ler os comentários de vocês e responder aos mesmos.

Este clip vai como uma mensagem especial, espero que ele entendaS2

Bronca do Otoko

Com a proximidade das eleições certos candidatos preconceituosos e homofóbicos (que não vou citar)  de linhas mais conservadoras começam a pipocar em notícias e memes. Eu gostaria de pedir encarecidamente que NÃO COMPARTILHEM, CURTAM OU COMENTEM estas informações, independente do teor.

Quando você interage com uma publicação ela gera ressonância e isso faz que o tema dela seja considerado como relevante pelos algoritmos da maioria das redes sociais. Logo, mesmo que seja uma crítica negativa, ao interagir com estas postagens vocês acabam fazendo propaganda gratuita para estes candidatos.  


Não esqueçam de nos seguir nas redes sociais e lembrem-se, se quiserem podem enviar sugestões de pautas, fandoms e notícias por e-mail também.


Marduk Hunk Otoko

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